01 novembro 2017

Solenidade de Todos os Santos

EVANGELHO – Mt 5,1-12

Naquele tempo,
ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se.
Rodearam-n’O os discípulos
e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os humildes,
porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa,
vos insultarem, vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai,
porque é grande nos Céus a vossa recompensa».


***

Todos os Santos: antecipar a eternidade

A 1 de novembro a Igreja honra a multidão incontável daquelas e daqueles que foram testemunhas vivas e luminosas de Cristo.

Se um determinado número deles foi oficialmente reconhecido, no seguimento de um procedimento denominado de "canonização", e são dados como modelos para a Igreja, ela sabe bem que muitos outros viveram igualmente na fidelidade ao Evangelho e ao serviço de todos.

É por isso que a 1 de novembro os cristãos celebram todos os santos, conhecidos ou desconhecidos. Esta festa, solenidade litúrgica, é por isso também ocasião de lembrar que todos os seres humanos são chamados à santidade, por caminhos diferentes, por vezes surpreendentes ou inesperados, mas sempre acessíveis.

A santidade não é um caminho reservado a uma elite: ela diz respeito a todos que escolhem caminhar no seguimento dos passos de Cristo.

A vida dos santos constitui uma verdadeira catequese, viva e próxima. Ela mostra a atualidade da Boa Nova e a presença em ação do Espírito Santo entre a humanidade. Testemunhas do amor de Deus, estes homens e mulheres são-nos próximos também pelo seu caminho - não se tornaram santos de um dia para o outro -, pelas suas dúvidas, os seus questionamentos, numa palavra, pela sua humanidade.

Durante muito tempo a solenidade de Todos os Santos foi celebrada próxima da Páscoa e do Pentecostes. O laço com estas duas grandes festas confere o sentido original de Todos os Santos: saborear desde já a alegria daqueles que colocaram Cristo no centro das suas vidas e viver na esperança da ressurreição.


As origens

Desde o século IV a Igreja síria consagrava um dia para assinalar todos os mártires, cujo número adquiriu tal grandeza que se tornou impossível evocá-los individualmente.

Três séculos mais tarde, no seu esforço para cristianizar as tradições pagãs, o papa Bonifácio IV transformou um templo romano dedicado a todos os deuses - o Panteão - numa igreja consagrada a todos os santos.

O costume expandiu-se no Ocidente, mas cada Igreja local assinalava-os em datas diferentes, até que em 835 foi fixada a 1 de novembro. Na Igreja bizantina o festa de Todos os Santos ocorre no domingo após o Pentecostes.


Ser santo

O texto das Bem-aventuranças proclamado no Evangelho da missa de Todos os Santos (Mateus 5, 1-12a) diz-nos, à sua maneira, que a santidade é o acolhimento da Palavra de Deus, fidelidade e confiança nele, bondade, justiça, amor, perdão e paz.

São requeridas três vozes para uma beatificação: a do povo cristão, para a reputação de santidade; a da Igreja (o papa, com a ajuda da Congregação para a Causa dos Santos), para a declaração da heroicidade das virtudes (heroicidade significa um dom de si total e durável no amor) ou do martírio do Servo ou da Serva de Deus, que é então chamado Venerável; a voz de Deus para um milagre realizado em ligação com a oração pela intercessão do Servo de Deus.

A beatificação de um mártir não exige milagre, dado que o martírio já testemunha uma ajuda especial recebida de Deus.

É pretendido um período de cinco anos após a morte da pessoa, para não confundir a reputação de santidade com um entusiasmo popular passageiro. Mas o papa pode dispensar esta regra, como foi o caso, recentemente, para Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II.

No termo de um inquérito rigoroso, sob a responsabilidade de um bispo diocesano e o controlo de um promotor de justiça, os testemunhos e documentos recolhidos, favoráveis ou não, são depositados na Congregação para as Causas dos Santos.

É precisamente nesta instituição, no Vaticano, que se desenrola um processo contraditório: um relator fica encarregado do dossiê; o postulador promove o pedido; o promotor da fé avança com argumentos contrários.

Intervêm historiadores e teólogos. Os cardinais e bispos da Congregação dão a sua opinião sobre a heroicidade das virtudes ou sobre o mártir. As suas posições favoráveis são transmitidas ao papa, a quem compete declarar a heroicidade das virtudes.

O processo sobre o milagre – um facto prodigioso (com frequência uma cura física) inexplicável no estado atual da ciência e em ligação com a oração pela intercessão do Servo de Deus -, após um inquérito diocesano conduzido com a participação de especialistas, faz intervir, na Congregação do Vaticano, peritor, teólogos e o promotor da fé. Se os cardeais e bispos são favoráveis, o dossiê chega à secretária do papa, que, a sós, reconhece o milagre e decide a beatificação.

A canonização pode ser decidida pelo papa após o reconhecimento de um outro milagre atribuído à intercessão da pessoa bem-aventurada e ocorrido depois da beatificação. O papa pode também decidir dispensar este milagre, tendo em consideração outras circunstâncias suficientemente evidentes, como foi o caso do papa Francisco para a declaração do papa João XXIII como santo.


Conferência Episcopal Francesa
Trad. / edição: SNPC
Publicado em 31.10.2017

1 comentário:

Anónimo disse...

Simplesmente bem explicado.

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