Revisito mentalmente uma conferência a que assisti há cerca de dois meses. Lembro a pergunta feita logo ao início: quem prevê melhor o que o orador vai dizer? Quem conhece bem o orador ou quem conhece a organização onde ele vai falar?
***
Sento-me num jantar académico com dois professores de faculdade. No decurso da conversa fala-se de um livro sobre um tema específico, das fracturas teológicas dentro da Igreja por causa desse tema, de um posfácio que alguém presente escreveu: Judas Iscariotes está no Céu? O tema era-me totalmente desconhecido, mas dizem-me que gera controvérsia, opondo os mais conservadores, que acham que não há perdão para quem traiu Jesus Cristo, aos menos conservadores, que alegam a misericórdia infinita de Deus. É verdade que Judas se arrependeu, que devolveu as moedas mas que desesperou, tendo-se enforcado (e lembremo-nos que até há alguns anos, não muitos, quem se suicidava não podia ter um enterro cristão). Falam-me, inclusivamente, numa igreja em França onde a imagem do Bom Pastor não é a tradicional, com a ovelha aos ombros, mas uma mais ousada, em que é Judas que é transportado. Não hesito muito para responder à pergunta sobre o destino de Judas, mas não obstante interessou-me o tema, porque me obriga a pensar.
***
Volto à conferência e a uma frase que ouvi: o importante no metro não é o passageiro, mas a rede do metro. Como se desenha a rede de metro na Coreia do Norte, uma vez que não haverá mapas para dar aos turistas? Talvez seguindo as entradas e saídas do passageiros, talvez identificando os caminhos percorridos no subsolo por cada cidadão .
Oiço que há uma parte do cérebro toda voltada para a inactividade, não por preguiça, mas por uma questão de conservação da energia. Outra parte do cérebro está, toda ela, voltada para a actividade. Dentro do cérebro desenrola-se então uma luta, igual à que se desenrola dentro do meu, que não sou diferente do comum dos mortais. Tenho uma parte de mim puramente preguiçosa, mas outra parte preocupada com a conservação da energia: tenho dificuldade, por isso, em investir muito tempo e esforço em perceber uma actividade que não repetirei, ou cuja relação custo / benefício pende claramente para o pedido de ajuda. Não conseguindo já fazer tudo, tento discernir o que é importante. E nisso não sou preguiçoso.
***
Oiço que há uma parte do cérebro toda voltada para a inactividade, não por preguiça, mas por uma questão de conservação da energia. Outra parte do cérebro está, toda ela, voltada para a actividade. Dentro do cérebro desenrola-se então uma luta, igual à que se desenrola dentro do meu, que não sou diferente do comum dos mortais. Tenho uma parte de mim puramente preguiçosa, mas outra parte preocupada com a conservação da energia: tenho dificuldade, por isso, em investir muito tempo e esforço em perceber uma actividade que não repetirei, ou cuja relação custo / benefício pende claramente para o pedido de ajuda. Não conseguindo já fazer tudo, tento discernir o que é importante. E nisso não sou preguiçoso.
JdB
1 comentário:
Este pensamento sobre a preguiça é muito curioso e leva-me a pensar sobre o que eu chamo de preguiça. Não é bem o estado de espojamento numa tarde de domingo, não é, também, um dia de encosto em que disfarçamos as tarefas mais comezinhas, é sim o incómodo que provoca.
Decidir o que é importante para quem?
Em contexto de interacção há sempre alguém que tem critérios de conservação de energia diferentes. Por isso, e no meu entender, a conservação da energia é sempre preguiça quando se torna um peso para os outros.
No entanto, percebo perfeitamente o seu ponto de vista.
Enviar um comentário