19 dezembro 2018

Vai um gin do Peter’s ?

VANGUARDISMO REINVENTA A ARTE MEDIEVAL, EM FRANÇA 

Na cidade universitária de Rennes, na Bretanha francesa, este dia 8 de Dezembro assinalou a abertura do antigo Convento dos Jacobinos, finalmente restaurado pela mão do artista plástico Laurent Grasso (1972-…), que reinventou os vitrais do edifício do século XIV implantado na praça de Sant’Ana.

Numa obra escultural ousada, Grasso preencheu as frestas conventuais com prismas espelhados, que rodam sobre si próprios reflectindo no interior a luz solar captada no exterior e acompanhando a luz de fora como um girassol. Explica o artista: «(simulam) a ideia de um interior & exterior, de uma passagem simbólica de uma época histórica para outra, de um intrigante vai-e-vem que é, frequentemente, a força motriz por trás das minhas instalações».

O recurso ao latão evoca a estética dos instrumentos científicos da Renascença
e da Idade Moderna, muito apreciados por Grasso.
A partir de sextantes, bússolas, microscópios e instrumentos ópticos mais rudimentares,
o artista recicla originais antigos para lhes oferecer uma nova função e uma nova missão.  

Movendo-se num compasso lento, o tom dourado daquelas réguas de latão enchem o espaço de uma luminosidade rica e quente. Intitulou-as de «Revolving History» também em sentido literal, para aludir àquela cadência ondulante das placas metálicas, que revolucionam o conceito de janela – outrora estática. Na notícia publicada no Paris Match (13-19.Dez.2018), exalta-se o seu movimento lento e hipnótico, que parece reacordar os “fantasmas da história”.

As peças douradas e oscilantes de Grasso transfiguram a versão clássica dos vitrais
medievos, rejuvenescendo o antigo Convento dos Jacobinos

No interior, mantém-se a atmosfera recolhida do original medievo.



Noutros media franceses, insere-se esta peça no género surrealista e ambíguo das suas instalações multiformes, que misturam materiais improváveis. Grasso combina também elementos de tempos distintos, para ensaiar uma síntese entre o passado, o presente e o futuro. De tonalidades clássicas e, frequentemente, a formar padrões, privilegia os pretos e os dourados, num cromatismo que se coaduna com o gosto medieval: 

As instalações de Grasso acumulam diferentes expressões plásticas: escultura, pintura, cinema, fotografia.
Tematicamente, entrecruzam elementos da ciência, da psicologia, em especial do medo e dos mitos contemporâneos,
para “desinstalar” o público da zona de conforto e levá-lo a questionar-se sobre o sentido da vida. A sugestão de uma nova temporalidade na sua obra propõe uma realidade desconhecida ou, de algum modo, renovada. 

«Anechoic Wall», 2016. Madeira e folha de ouro. 

Na música actual, testemunhamos o movimento inverso, quando o clássico invade e reinsufla o nosso “vanguardismo”, permitindo-lhe ultrapassar os limites do tempo –  uma façanha ao alcance da beleza!  «Once Upon A Time In The West» (final), de Ennio Morricone, é um óptimo exemplo:



Esta ária calma e tocante desliza bem para o ambiente da quadra, que convida a uma tranquilidade atenta aos outros. Oferecendo o seu tempo e as suas vozes lindas, os GENTRI (The Gentlemen trio») repescam músicas conhecidas ou compõe novas para as partilhar amplamente com quem está em situação mais vulnerável. À boa banda sonora, têm vindo a acrescentar curtas-metragens sugestivas, que dão óptimas dicas para presentes de Natal generosos, daqueles que fazem falta e… não cabem em embrulhos:



Votos antecipados de BOAS-FESTAS, com mais presentes diferentes – de outra escala, em carne-e-osso, para se assemelharem ao que nos foi oferecido naquela Noite mansa de há 2000 anos.

Maria Zarco
(a  preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas, numa Quarta-feira)
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2 comentários:

ACC disse...

Obrigada Maria Zarco.
Bela descoberta.
Um Santo Natal para si também

Anónimo disse...

Muito obrigada pela mensagem e pelos votos de Santo Natal, que retribuo, MZ

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