Esta fotografia pode interpretar-se de várias formas - e sugiro que só se leia a história depois de ler o devaneio. Quais são as três hipóteses?
1) o homem é detentor de uma loucura significativa;
2) o homem é detentor de uma confiança relevante;
3) o homem é detentor de uma audácia assinalável.
Talvez seja importante ler Aristóteles em Ética a Nicómaco:
Por exemplo, os construtores de casas fazem-se construtores de casa construindo-as e os tocadores de cítaras tornam-se tocadores de cítara, tocando-as. Do mesmo modo, também nos tornamos justos praticando acções justas, temperados, agindo com temperança, e, finalmente, tornamo-nos corajosos realizando actos de coragem.
Se este salto para o vazio for um acto de coragem então Yves Klein é um homem corajoso. Ora, podemos dizer que saltar de um 2º andar para o vazio é um gesto de coragem? Quais seriam as consequências? Recorramos novamente a Aristóteles:
Acerca do medo e da audácia, a posição intermédia é a coragem. Para os que têm uma excessiva falta de medo não há nome (muitos dos excessos são anónimos), o que tem excesso de confiança é audaz.
Ora, confrontados com uma janela do 2º andar, podemos ser considerados medrosos se não saltarmos, podemos ser considerados audazes se saltarmos. O que devemos fazer? Ser corajosos, porque o excesso ou defeito de uma característica são (quase) sempre de evitar: a generosidade, por exemplo, é a posição intermédia entre o esbanjamento e a avareza. Devemos procurar a posição intermédia: a coragem de dizer não, não salto, a menos que...
Agora sim, é altura de ler a história desta fotografia.
JdB
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