06 dezembro 2023

Vai um gin do Peter’s ?

 EM CONTAGEM DECRESCENTE PARA O NATAL

Do coração de Nova Iorque, na célebre Times Square de Manhattan, onde as televisões de todo o mundo celebram o começo de cada novo ano nos Estados Unidos, há uma semana (27.NOV.), os grandes ecrãs da praça surpreenderam os milhares de transeuntes com o anúncio do nascimento do Bebé Deus. Mal o sol se pôs, por breves instantes, apagaram-se as luzes da cidade e a aproximação do Natal foi lembrada com as imagens do nascimento na Gruta de Belém, sem renas nem o típico amontoado de presentes apetitosos. O mais interessante foi o impacto daquela curta-metragem, no centro da Cidade-que-Nunca-Dorme, com os telemóveis a registarem o momento, de seguida partilhado pelas redes sociais, onde já se tornou viral. Parabéns aos promotores desta iniciativa – os Mórmons, oficialmente denominados de ‘Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias’, mas curiosamente não-cristãos porque não reconhecem a Santíssima Trindade nem outras premissas cristãs essenciais. Foi muito generoso oferecerem aos nova-iorquinos e, através deles, ao mundo, uma antevisão da Natividade original focada no Filho de Deus, que escolheu vir ao mundo num estábulo perdido nas franjas do Império romano. A partir de Nova Iorque, tivemos um vislumbre da Noite Feliz estrelada e fria, mas gloriosa e salvadora, longe dos símbolos consumistas que costumam pontificar na maioria das metrópoles ocidentais, nesta fase do ano:   

https://www.instagram.com/reel/C0UPj5ELRHr/

Em simultâneo, a Chevrolet lançou uma curta-metragem com um testemunho tocante sobre o melhor do Natal, ciente de que o melhor presente é sempre o que cada de nós é para os outros, doando-se a si mesmo. Quem tem pais e avós com Alzheimer ou demências equivalentes sabe quanto é verdadeira e tocante este misterioso vai-e-vem de consciência dos mais velhos. Mesmo quando já pouco reconhecem da realidade, têm instantes em que podem voltar a conectar-se, instigados pelo carinho, como se no cansaço de uma vida longa, já só o calor da ternura faça valer a pena o esforço de re-acordarem.   


No próximo Sábado, às 17h de Roma (menos uma em Portugal continental), será inaugurado o Presépio do Vaticano e a grande árvore de Natal abrirá as suas luzes para aquecer a imensa Praça de S.Pedro, até 7 de Janeiro de 2024. A tradição da montagem de uma árvore de Natal no coração da Cristandade foi introduzida pelo Papa polaco, amante da natureza e da humanidade, em 1982. A escolha deste ano recaiu sobre um abeto branco oriundo dos Alpes italianos, na zona raiana com França. Será decorado com as pequenas flores transalpinas Edelweiss, cujo nome todos conhecemos da ária homónima entoada em momentos chave da «Música no Coração». O contorno estrelado da flor, com um centro pontilhado a estames amarelos, deve produzir um efeito espantoso no frondoso arvoredo cónico salpicado de luzinhas de Natal. 


A portentosa árvore de 28 metros de altura foi escolhida pela sua beleza e por estar em risco de desabamento. Quando terminar a passagem pelo Vaticano, a sua madeira servirá para talhar brinquedos que a Caritas distribuirá pelas crianças mais necessitadas.

Nesta contagem decrescente para a Noite Magnífica, que é o tempo do Advento, Bento XVI ajuda a lembrar-nos o essencial [trechos de homilias dos Adventos de 2006-2009]: «Com a palavra adventus queria dizer-se: Deus está aqui, não se retirou do mundo, não nos deixou sozinhos… O Advento … é um convite a compreender que os acontecimentos de cada dia são gestos que Deus nos dirige, sinais da atenção que Ele tem por cada um de nós.  (…)  Respeitando totalmente a nossa liberdade, deseja habitar no meio de nós, permanecer connosco, porque deseja libertar-nos do mal e da morte, de tudo o que impede a nossa verdadeira felicidade. Deus vem para nos salvar… 

Na sua vida, o homem está constantemente à espera: quando é menino, quer crescer (…). Mas chega o momento em que descobre que esperou demasiado pouco se, para além da profissão ou da posição social, nada mais lhe resta para esperar…  Se o tempo não está cheio de um presente carregado de sentido, a espera pode tornar-se insuportável; (…) Quando falta Deus, falta a esperança. Tudo perde sentido. É como se viesse a faltar a dimensão da profundidade e todas as coisas obscurecessem, desprovidas do seu valor simbólico… O que é que faz progredir o mundo, a não ser a confiança que Deus tem no homem? (…) 

(S)e Jesus está presente, já não existe tempo algum sem sentido e vazio. Se Ele está presente, podemos continuar a esperar mesmo quando os outros já não conseguem garantir-nos qualquer apoio, mesmo quando o presente está cheio de dificuldades. (…) A certeza da sua presença não deveria ajudar-nos a ver o mundo com olhos diferentes?»

Como bem sugere a Chevrolet, será fantástico apostarmos no melhor presente, naquele onde todos cabem, a começar pelos mais vulneráveis. 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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