19 fevereiro 2024

Da guarda que não se rende

Mosteiro da Batalha (fotografia tirada da internet)


Relativamente ao crucifixo que consta da fotografia acima, diz a Wikipédia:

Cristo das Trincheiras é uma estátua, que durante a Primeira Guerra Mundial, se tornou num símbolo de resistência e sobrevivência para os soldados do Corpo Expedicionário Português que estavam sediados em Neuve-Chapelle, França.[1] É considerada uma das peças mais emblemáticas da participação de Portugal na Primeira Grande Guerra. Atualmente encontra-se exposta no Mosteiro da Batalha. 


É nesta sala - Sala do Capítulo - que se encontra o túmulo do soldado desconhecido de Portugal que contém os corpos de dois soldados da Primeira Guerra Mundial. É um lugar com um grande simbolismo. 

Estive lá com amigos há duas semanas. A visita ao Mosteiro da Batalha organizou-se por forma a podermos assistir ao render da guarda, que se processou desta forma: pelas 11h01m (porquê o atraso?) chega um graduado (não percebi a patente) vestido de camuflado. Com um tom de comando manda recuar as duas ou três dezenas de visitantes para o fim da sala. Percebe-se que seja necessário espaço para o cerimonial que está prestes a continuar. Acontece que não há cerimonial... O graduado dá vozes de comando, os dois soldados largam a guarda do túmulo e, num porte pouco garboso, vão-se embora. Não há render da guarda, porque ninguém os rende. Porquê? A explicação é simples: parece não haver soldados que cheguem para uma guarda permanente, pelo que, ao fim de 30 minutos, os soldados têm de descansar. Voltarão mais tarde, depois de cumprirem as necessidades fisiológicas, de fumarem um cigarro e contarem umas larachas. 

A guarda é intermitente, o que nos leva a questionar: se só lá estão metade do tempo (ou menos sei lá eu...), para que serve isto? 

Mosteiro da Batalha (Fevereiro de 2024 -
os soldados que guardavam o túmulo foram descansar)

Não há nada pior do que ver-se uma cerimónia militar (ou mesmo civil) executada pelos ingleses. Porquê? Porque se estabelece um padrão, se coloca uma fasquia a uma determinada altura. Mas não somos ingleses, e a guarda a símbolos importantes para a Nação está sujeitos à disponibilidade de soldados, não à convicção da importância. Se calhar os soldados não querem fazer este serviço, ou estarão ocupados a limpar casernas ou a polir tachos para servir o rancho melhorado aos 3 oficiais que (estatisticamente) mandam em cada um deles.

A Pátria honrai que a Pátria vos contempla. Uma bonita frase de Camões que pouco se aplica nos dias de hoje.

JdB 

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