O momento que vivemos em Portugal é doloroso. Todos os dias surge uma nova crise. A juntar à económica veio a financeira, a juntar à de valores veio a política. Cada dia que passa, cada vez me torno mais adepto da sanidade das contas públicas. Não só pela razão, óbvia, em si, mas também por todos os males que se seguem ao descalabro das finanças públicas. Desde logo, toda a facilidade com que os populistas, tanto de esquerda como de direita, aparecem a apregoar as suas ideias demagogas que, quando o povo se encontra mais vulnerável, poderão colher de forma positiva junto das massas.
Num dos dias da semana que passou, celebrou-se, na Bolsa de Nova Iorque, o Portuguese day. O programa Negócios da Semana, que passa à Quarta-feira na Sic Notícias, elaborou uma reportagem no local do evento. Cerca de 2/3 do programa foi ocupado por 2 a entrevistas a 2 corretores americanos. Foi confrangedor. Os jornalistas lusos, parece-me que mais uns a juntar ao estado de negação em que se encontra 33% do país, faziam perguntas aos ditos corretores sobre Portugal, às quais as respostas demonstravam a total ignorância que aqueles tinham sobre o assunto. Atenção, não critico os brokers, mas sim os jornalistas. Até uma criança de 12 anos teria percebido, à segunda resposta vaga, que os entrevistados nada sabiam sobre o pais mais ocidental da Europa continental. No fundo, se bem que em moldes diferentes, foi parecido com o triste espétaculo da mão estendida à Presidente do Brasil há 2 meses. Fizeram-se muitos noticiários e capas de jornais com a possibilidade do Brasil comprar dívida pública portuguesa. No entanto, e já a caminho do aeroporto de Lisboa, Dilma Rouseff, em apenas meia dúzia de palavras informou que o Estado brasileiro apenas está autorizado, segundo os critérios do Banco Central, a investir em titulos de notação AAA que, como todos sabem, há muito que não correspondem à notação da nossa dívida.
Pedro Castelo Branco
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