Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.
A omnipotência de Deus é, para um crente, um dado adquirido. Não duvidamos, não questionamos - é assim que as coisas são... Nesse sentido, o facto de Cristo caminhar sobre as águas não nos surpreende nem entendemos ser uma fantasia do evangelista, se bem que, no limite, pudesse ser uma forma de revelar que a Jesus tudo é possível.
Outra questão, talvez mais desafiante, é a forma como, nos mais diversos momentos, nos comparamos com a atitude de S. Pedro face ao pé que perdemos quando somos desafiados a caminhar sobre o mar. O que é, para nós, gente de fé, este exercício do aparentemente impossível? Como confiamos em Deus e como entendemos esta ideia da mão que Deus nos estende?
Há algumas semanas, a minha querida amiga MAF escreveu um belíssimo comentário ao evangelho do dia. Nesse texto manifestava o que era, no seu entendimento, a fé - não é pedir a Deus que lhe dê saúde, mas que a ajude a suportar a doença, entre outros raciocínios semelhantes. Em tom mais figurado, não pedir a Deus que nos dê o jackpot de milhões, mas que nos ilumine para os aplicarmos bem. Nos meus momentos mais difíceis pedi a Deus, obviamente, que curasse quem me era querido. Mas, a seguir ao que era humano pedia o que era desafiante: o dom da aceitação, da não revolta com o mundo, do encontro com o sentido da vida perante o desgosto maior.
Cada um de nós tem, à sua maneira e na circunstância própria, um mar sobre o qual caminhar: o desemprego, a doença, o desgosto, as relações cortadas, as raivas, os orgulhos, a solidão. Todos nós nos podemos afundar, vítimas da pouca fé, mas todos nós nos podemos transcender, ver a mão que nos é estendida e agarrá-la.
Deus pode tudo, mas Deus não é senão Amor. A mão que Ele nos estende é, também, esse Amor.
Bom Domingo para todos.
JdB
EVANGELHO – Mt 14,22-33
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Depois de ter saciado a fome à multidão,
Jesus obrigou os discípulos a subir para o barco
e a esperá-l’O na outra margem,
enquanto Ele despedia a multidão.
Logo que a despediu,
subiu a um monte, para orar a sós.
Ao cair da tarde, estava ali sozinho.
O barco ia já no meio do mar,
açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário.
Na quarta vigília da noite,
Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar.
Os discípulos, vendo-O a caminhar sobre o mar,
assustaram-se, pensando que fosse um fantasma.
E gritaram cheios de medo.
Mas logo Jesus lhes dirigiu a palavra, dizendo:
«Tende confiança. Sou Eu. Não temais».
Respondeu-Lhe Pedro: «Se és Tu, Senhor,
manda-me ir ter contigo sobre as águas».
«Vem!» – disse Jesus.
Então, Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas,
para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo a violência do vento e começando a afundar-se,
gritou: «Salva-me, Senhor!»
Jesus estendeu-lhe logo a mão e segurou-o.
Depois disse-lhe:
«Homem de pouca fé, porque duvidaste?»
Logo que saíram para o barco, o ventou amainou.
Então, os que estavam no barco prostraram-se diante de Jesus,
e disseram-Lhe:
«Tu és verdadeiramente o Filho de Deus».
1 comentário:
Nas "coisas" de Deus, todos os caminhos acabam por ir dar à fé. É tudo uma questão de fé, acho, mesmo a falta dela !
A Deus, peço todos os dias que ela não me falte.
Gostei do seu comentário.
Maf
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