18 agosto 2011

Moleskine

Devaneios. Já o reconheci aqui várias vezes: sou muito judaico-cristão. Os textos sagrados que vou lendo ou que vou ouvindo são fonte de inspiração - ou pelo menos de interiorização, porque na maior parte das vezes ponho pouco em prática. Vem isto a propósito de conversas que vou tendo com quem me desafia a pensar além do desfocado ou quem, na melhor interpretação, me leva a afirmar-lhe o que quero dizer a mim próprio. Lembro-me, especificamente, da parábola dos talentos: acredito que pouco ou nada nos pertence, porque tudo nos foi dado para pormos a render em benefício do próximo. É também por isso que discordo frontalmente da frase: sou dono/a do meu corpo. De facto não somos, sobretudo se houver quem dependa financeira ou afectivamente de nós. Na realidade, não pode haver maior prova de amor do que darmos a vida pelos nossos mais próximos.

Fados. Este estabelecimento é o que cada um quiser fazer dele. Há gente que passa por cá e se vai mantendo como visitante ou colaborador. Há quem escreva para gáudio de quem o lê e que, numa dada altura, fruto das circunstâncias da vida, se afaste, não obstante a promessa permanente de um regresso sem prazo. Há uns dias, entre uns camarões, uma tortilha, uma noite amena na companhia de amigos incondicionais, falou-se de fado e alguém, que já por aqui passou, falou na lenda das rosas. Pois aqui vai, que ser-se dono deste espaço também nos dá obrigações.



Letras. Sou moderado fã musical de Sergio Godinho, pelo que talvez não o postasse aqui no Adeus. Mas há, em qualquer criador, horas particularmente felizes, e quem escreveu hoje é o primeiro dia do resto da minha vida está de parabéns.  Já todos cantarolámos esta música, muitos de nós já sentimos a frase como um lema ou como um desejo. Há mudanças na nossa vida que nos dão trabalho, nos cansam, são uma presa fácil da desmotivação. Mas outras há que, de tão complexas e profundas, fazem de nós uma espécie super-homens, prontos para enfrentar todos os obstáculos, todas as dificuldades. Em nome de quê? Talvez do que escrevi ao início, sobre os talentos. Fica a música para quem, por estes dias, se deitou à tarefa de definir o primeiro dia do resto da sua vida.





O post de hoje está críptico? Azarito... Deve haver, no entanto, quem o entenda.

JdB

1 comentário:

Anónimo disse...

José Pracana! Grande escolha, JdB. Sinto falta de fado aqui... pcp

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