10 agosto 2011

sinfonia nº 3, de henryk górecki


esta tarde,
deitei-me sobre a chaise longue,
e escutei um mundo,
inteirinho,
dentro de um búzio.
 
o lamento de uma mãe
e a esperança de uma filha,
escrevendo as suas últimas palavras,
luminosas e exaltantes,
a partir de uma cela da gestapo.
 
as lágrimas que me partiram
são as mesmas que, por alquimia,
me obrigam agora a escrever,
ou melhor, a dar testemunho.
 
nunca se regressa igual de certas coisas.
da beleza dorida e metafísica, seguramente que não.
entre nós e as palavras, o nosso dever falar.*

 
gi.
 
* verso de mário cesariny

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sou, à partida, de poesia. Mas o que o gi escreve - ou quem traz, neste caso - faz-me prestar atenção a esta forma de arte tão rica e cheia de subtilezas. Obrigada, gi. pcp

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