21 dezembro 2011

Diário de uma astróloga – [15] – 21 de Dezembro de 2011


Capricórnio

Amanhã começa oficialmente o Inverno e o Sol, no seu movimento aparente, entra no signo de Capricórnio.
 
Os nossos antepassados passavam muito tempo a olhar para o céu e desenhavam as constelações unindo as estrelas, tal como as crianças fazem naqueles desenhos com números, com resultados mais ou menos claros para os meus olhos.

Há vários símbolos de Capricórnio, mas penso que é a cabra montês no cimo da montanha o que melhor reflecte as qualidades deste signo. Quando encontrei esta fotografia e olhei para a constelação,  pensei…. “foi isto que eles viram!”



A necessidade arquetipal de Capricórnio é a de atingir a meta, de chegar ao cimo com sucesso, aliada a uma procura de perfeição, de excelência. A cabra para vencer a montanha tem que ultrapassar toda a espécie de dificuldades, endurece no percurso, aprende paciência e a viver com pouco. 

As pessoas com muito energia capricorniana são diligentes, aplicadas na procura da qualidade e exigentes consigo próprios e, muitas vezes, com ou outros. Se por acaso gostam de cozinhar são excelentes chefes, porque esperam pacientemente que tudo apure até à perfeição e não se contentam com o “assim-assim”.

O Capricórnio é o gestor do zodíaco: ordem, autoridade, capacidade de planeamento, cumprimento de prazos, são características muito próprias. Têm que ter algum cuidado para não se tornarem obsessivos, demasiado rígidos, intolerantes e severos. 

Levam-se muito a sério e, por isso, podem parecer pesados e formais. Nascem adultos e, com o passar dos anos, tornam-se mais leves, menos controlados, porque à medida que vão atingindo os seus objectivos perdem o medo de não serem capazes de chegar à meta.

Por ser o signo de terra tem grande afinidade com as limitações materiais. Quando vê só limitações e obstáculos pode-se tornar pessimista e depressivo. Por ser um signo cardinal tem grande capacidade de liderança e iniciativa (ponderada) mas cuidado para não se tornar também o chefe, o líder, o superior em situações que requerem proximidade emocional. Por ser um signo universal sente o peso do mundo e tem consciência da sua posição na sociedade.

Responsabilidade, disciplina, meritocracia, “faz a cama a deita-te nela”, prestar contas, são características da energia capricorniana. A expressão americana “the buck stops here” é ilustrativa do Capricórnio. Estão muito à vontade com regras, procedimentos e limites. Gostam pouco do cinzento, preferem ou branco ou preto.

Nada disto parece divertido, e muitos Capricórnios têm dificuldade em ser brincalhões mas, por outro lado, têm uma boa possibilidade de atingir sabedoria, como definida pela Sociedade Budista: a transformação do saber intelectual em experiência real e pessoal. Não é “ver” a verdade mas sim “ver” as coisas como elas são realmente e isto só acontece com experiência directa. Por isso é muito útil escalar a montanha como uma cabra solitária, com a experiência de pedras escorregadias, inclinadas… difíceis.  

Há uns anos, estava eu a ler no terraço de um bloco de apartamentos em Washington quando uma jovem apareceu com um ar profundamente chateado. Ela tinha-me dito que nesse dia ia fazer o exame prático de carta de moto. Perguntei-lhe como tinha corrido. “Mal” - respondeu, “não me deixaram fazer o exame porque o examinador me viu chegar de moto. Deu-me logo a carta. Eu que tinha treinado todas manobras durante horas!” – lamentou-se a jovem capricórnio, frustrada com a solução de facilidade.

Lembro que todos nós temos um pouco de capricórnio, mas as pessoas com o Sol, a Lua ou o Ascendente nesse signo exprimem-no mais intensamente. Pessoas como meu filho, que tem a lua em capricórnio. Lua na carta do céu é o símbolo da mãe, consequentemente de mim. Já adulto, perguntei-lhe o que mais tinha apreciado em mim e na educação que lhe dei. A resposta foi puro capricórnio:  A Mãe gere recursos muito bem, consegue maximizá-los, com pouca coisa faz muito”. Uma resposta que só uma mãe com ascendente em capricórnio aprecia.

Termino celebrando alguns Capricórnios (refiro-me aqui aos que têm Sol em Capricórnio): parabéns ao JdB, homem à procura de sabedoria, organizador por excelência que, quando falha um prazo de um post, escreve : “O editor e dono do estabelecimento, sempre obsessivo com a pontualidade, coloca uma mão faltosa num peito contristado”. Parabéns  à minha amiga joalheira, que trabalha no dia-a-dia com as limitações da matéria, moldando materiais valiosos com persistência e esforço na procura da perfeição. Parabéns à minha amiga italiana, cujo espírito não pára de subir às montanhas apesar do corpo a ter atraiçoado imobilizando-a numa cadeira de rodas.

Retomo a Astrologia da Crise – O que fazer? no próximo post e até lá um Bom Natal para todos com Paz, Alegria e Amor.

Luiza Azancot

2 comentários:

Ana CC disse...

Adoro esta tuas digressões pelos signos.
Vivi numa família de capricórnios, tenho amigos chegados também. Há pelo menos um que é o retrato fiel do que aqui descreves, até impressiona. Lendo isto até parece mais fácil aprender a lidar com esta "gente" que trepa. Conheço bem a necessidade que eles têm de se isolar e subir a montanha sozinhos, sem perceber os danos provocados pelas pedras que vão resvalando pelo caminho. A minha mãe embrulhava-as num saco de pano para que não pudessem magoar os outros, ao cair. O meu pai subia, sem pensar sequer que havia pedras. O meu irmão escala mesmo o Montblac e vem revigorado, pronto para mais um ano de trabalho.
Continuo ansiosamente à espera do Gémeos e do Peixes.
Bom Natal minha querida amiga.

JdB disse...

O editor e dono do establecimento põe uma mão modesta sobre um peito vaidoso. Quem me conhece saberá quais as características que se aplicam a mim, as que me dizem menos respeito. Envaidece-me uma citação minha num post escrito do lado de lá do Atlântico, nesse cabo onde a neve vai caindo. Ver-nos retratados faz-nos bem; não pela vaidade bacoca (até porque há defeitos) mas pela constatação de como os outros nos vêem, com as nossas obsessões mas, espera-se, com as nossas virtudes, também. Talvez não mudemos, mas percebemos o impacto nos outros das pedras que vamos deixando cair.

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