14 novembro 2012

Ponto de Vírgula

Muitos anos fazia que, de Combray, tudo quanto não fosse o teatro e o drama do meu deitar não mais existia para mim, quando, por um dia inverno, ao voltar para casa, vendo minha mãe que eu tinha frio, ofereceu-me chá, coisa que era contra os meus hábitos. A princípio recusei, mas, não sei por quê, terminei aceitando. Ela mandou buscar um desses bolinhos pequenos e cheios chamados madalenas e que parecem moldados com aquele triste dia e a perspectiva de mais um dia tão sombrio como o primeiro, levei aos lábios uma colherada de chá onde deixara amolecer um pedaço de madalena.
Mas no mesmo instante em que aquele gole, de envolta com as migalhas do bolo, tocou o meu paladar, estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem noção da sua causa. Esse prazer logo me tornara indiferentes as vicissitudes da vida, inofensivos os seus desastres, ilusória a sua brevidade, tal como o faz o amor, enchendo-me de uma preciosa essência: ou antes, essa essência não estava em mim; era eu mesmo. Cessava de me sentir medíocre, contingente, mortal.
in Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust
fotografia de Dinah Fried, 'Fictitious Dishes'


Madalenas

Ingredientes

200 grs de açúcar
200 grs de farinha
180 grs de manteiga
5 ovos
raspa de 1 limão
1 colher de chá de fermento

Preparação

Numa tigela bata os ovos com o açúcar até ficar espumoso, vá deitando aos poucos a farinha onde misturou o fermento, mexendo sempre, acrescente a raspa do limão e, por fim, a manteiga derretida. 
Deixe repousar a massa 20 minutos. Encha as formas untadas com manteiga e polvilhadas com farinha até 3/4 da capacidade e leve a cozer cerca de 15 minutos em forno médio.

Nota: receita tirada daqui

MFM

1 comentário:

Anónimo disse...

Os seus posts são (todos) duma elegância extrema. Gosto sempre imenso. pcp

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