02 dezembro 2012

1º Domingo do Tempo do Advento

Hoje é domingo e eu não esqueço a minha condição de católico.

Hoje é também o primeiro domingo do tempo do advento. Não me dei ao trabalho de ir espreitar o que teria escrito há um ano, mas talvez tenha falado do natal difícil para muitas pessoas. Talvez tenha desejado que a época fosse menos consumista, que houvesse mais atenção ao próximo, que não nos faltasse uma pequena sabedoria para oferecer uma palavra de atenção ou mostrar um silêncio respeitador. Talvez me tenha lembrado de todos aqueles que passam a época sozinhos, dos que não têm trabalho, dos que não têm esperança. 

Talvez me devesse ter lembrado de todos aqueles (seguramente poucos) a quem a crise atacou menos, que mantêm os seus rendimentos e a sua qualidade de vida intacta. Talvez me devesse ter lembrado deles, para desejar que não perdessem a capacidade de olhar à volta e de estar atentos às privações e provações da maioria. 

Para muitos - e este discurso não parará este ano.. - o Natal de 2013 é um dos piores, se não o pior, de todas as suas vidas. Receberão pouco, pouco terão para dar. Falo de presentes, daqueles que vêm embrulhados em papel de fantasia. Mas a época é uma oportunidade (passe o discurso irritante da crise ser uma oportunidade) para mudarmos os nossos hábitos e encontrarmos encanto em hábitos diferentes. Ninguém - ou são raros os que o fazem - se despoja voluntariamente dos confortos para encetar um caminho de ascese ou empobrecimento voluntário. Mas muitos de nós, em particular na última meia dúzia de anos, perderam rendimentos, empregos estáveis e com 15 meses, regalias, e conseguiram perceber que se vive bem, com qualidade, com muito menos.

Este discurso está estafado? Pois está, eu sei. Mas é o que me ocorre ao encetarmos o caminho que nos levará ao presépio. E ali, sem mais nada do que um despojamento divino, está o Menino Jesus. É para Ele que somos desafiados a olhar, e nesse olhar perceber a dimensão de solidariedade que nos deverá motivar nesta época em que há muita miséria, muita tristeza, muito abandono, muita solidão. Sempre acreditei que felicidade é conseguir tocar a vida dos outros. Que eu consiga ser feliz este ano.

Bom domingo para todos.

JdB   


EVANGELHO – Lc 21,25-28.34-36
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas
e, na terra, angústia entre as nações,
aterradas com o rugido e a agitação do mar.
Os homens morrerão de pavor,
na expectativa do que vai suceder ao universo,
pois as forças celestes serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem,
com grande poder e glória.
Quando estas coisas começarem a acontecer,
erguei-vos e levantai a cabeça,
porque a vossa libertação está próxima.
Tende cuidado convosco,
não suceda que os vossos corações se tornem pesados
pela intemperança, a embriaguês e as preocupações da vida,
e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha,
pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra.
Portanto, vigiai e orai em todo o tempo,
para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer
e comparecer diante do Filho do homem».

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