EVANGELHO – Lc 7,11-17
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo,
dirigia-Se Jesus para uma cidade chamada Naim;
iam com Ele os seus discípulos e uma grande multidão.
Quando chegou à porta da cidade,
levavam um defunto a sepultar,
filho único de sua mãe, que era viúva.
Vinha com ela muita gente da cidade.
Ao vê-la, o Senhor compadeceu-Se dela e disse-lhe:
«Não chores».
Jesus aproximou-Se e tocou no caixão;
e os que o transportavam pararam.
Disse Jesus:
«Jovem, Eu te ordeno: levanta-te».
O morto sentou-se e começou a falar;
e Jesus entregou-o à sua mãe.
Todos se encheram de temor
e davam glória a Deus, dizendo:
«Apareceu no meio de nós um grande profeta;
Deus visitou o seu povo».
E a fama deste acontecimento
espalhou-se por toda a Judeia e pelas regiões vizinhas.
***
“Não chores!”
Os evangelhos apresentam-nos três ressurreições que Jesus
realizou. Uma criança, a filha de Jairo, chefe de uma sinagoga; um jovem, o
único filho da viúva de Naim, que hoje nos é narrada; e Lázaro, o irmão de
Marta e de Maria, a família de irmãos de Betânia onde Jesus gostava de ficar.
Em todas se descreve a comoção de Jesus e pressentimos a sua comunhão na dor
dos que sofrem. É o Deus cheio de compaixão que Jesus revela, sempre do lado da
vida, a libertar, a perdoar, a abraçar, a comprometer na luta pela justiça.
Porque veio para que tenhamos vida.
Estar vivo apela a uma atenção constante ao que é mais essencial, a não
desperdiçar o tempo sem contemplar o que é belo, e sem fazer o maior bem
possível. É estar aberto ao lado luminoso de tudo o que existe, ainda que haja
dias menos bons e muitos males no mundo. É acreditar que não temos a solução de
tudo, mas quando nos abrimos a Deus e aos outros, vamos dando uma mãozinha para
que o bem triunfe. É desenvolver todas as capacidades que temos e que os outros
têm, sem guardar para um futuro longíquo os sonhos que crescem connosco, e
nunca desistir de ainda dar, um dia, uma volta ao mundo. É descobrir que tudo é
mais feliz quando se partilha e coopera, quando a morte deixa de ser um fim mas
o momento máximo de uma vida dada!
“Não chores” podia ser um verdadeiro “slogan” da nova
evangelização. Não como uma promessa vazia ou um convite a fugir do sofrimento,
mas como atitude de verdadeira compaixão por quem sofre, como Jesus fez em toda
a sua vida terrena. Não como numa “solução” para os problemas mas como uma
presença que transforma a solidão da dor na comunhão da esperança. Como se pode
acreditar n’Ele sem viver a mesma misericórdia diante da dor humana, a mesma
paixão por cuidar da vida, a mesma entrega em ressuscitar e
salvar?
Dizia o filósofo Gabriel Marcel: “Amar alguém é dizer-lhe: Tu
não morrerás jamais!” É esse o centro da mensagem e da vida de Jesus. É
amando e cuidando desta vida que sabemos passageira, é enchendo-nos de
compaixão e agindo no que é possível em favor de quem sofre, aqui e agora, que
a ressurreição irrompe já na história. Viver não é aprender a morrer, mas tudo
fazer para viver bem! Esse é o grande programa pastoral que a Igreja sempre
terá. Ser cheia de compaixão como o Mestre, enfrentar o sofrimento e a morte
com palavras e atitudes de vida abundante, assumir a fragilidade e a confiança
de quem ama o Senhor e sabe que Ele abraça todos. A compaixão é a condição
necessária para que todas as estruturas humanas não esqueçam que estão ao
serviço de todas as pessoas, e que Deus quer enxugar as lágrimas de todas as
faces!
Pe. Vitor Gonçalves in Voz da
Verdade 09.06.2013
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