Hoje é Domingo, e eu
não esqueço a minha condição de católico.
O que quer Deus de nós? Há algum tempo que vou fazendo esta pergunta, aplicando-a
especificamente à minha pessoa: o que quer Deus de mim? Muitos de nós,
crentes, face a encruzilhadas da vida, terão formulado a interrogação. O que
quer Deus que façamos?
O tema não é virgem
nestes posts dominicais. Tanto oiço a ideia de que cada um tem de suportar a
sua cruz, como oiço uma espécie de contrário, que temos é de ser felizes. Poderíamos falar no caminho de santidade a
que somos desafiados, mas já entrei vezes suficientes por essa estrada
argumentativa.
A igreja, ao longo dos
séculos, transformou em regras aquilo que entendia ser a vontade de Deus: o
celibato dos padres, a indissolubilidade do casamento, a não ordenação das
mulheres, outras. Todos sabemos que estes preceitos obedeceram, não a uma
interpretação divina ou da mensagem de Cristo, mas a um determinado
enquadramento histórico, político, económico, de exercício do poder. E contudo
as regras são estas, pelo que não há como fugir delas. Podemos discuti-las,
criticá-las, tentar, na nossa pequenez, alterá-las. Amar a Igreja é também
isto: aceitação.
Há dias, numa conversa
interessante com um amigo próximo, falávamos de consciência e de tudo o que gira
à sua volta. Ambos católicos praticantes, ousámos alterar uma frase conhecida e
rimo-nos respeitosamente: o pecado é um
assunto demasiado sério para ser entregue aos padres. De alguma forma, ali, naquele passeio num
sábado de manhã, privilegiámos a consciência em detrimento do cumprimento da
regra. Acima de tudo seria a relação individual com Deus a comandar os nossos
actos.
Podemos infringir uma
regra e estar de consciência tranquila? Assumindo que o sujeito interveniente é
sério e honesto, que tem a perfeita noção da implicação dos seus actos, pode
genuinamente sentir isto? E se o pecado é a consciência do mal, como se resolve
este imbróglio? Talvez seja simples: cumprindo a regra. Ou não cumprindo, e
sofrendo as consequências. A regra ajuda a definir comportamentos, facilitando,
de alguma forma, o entendimento aos padres e aos fiéis. Cumpre/não cumpre.
O que quer Deus de
nós? O que quer Deus de mim? Como vê Deus o caminho da minha santidade?
Bom Domingo para
todos.
JdB
EVANGELHO
– Lc 7,36 – 8,3
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele
tempo,
um
fariseu convidou Jesus para comer com ele.
Jesus
entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa.
Então,
uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade –
ao
saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu,
trouxe
um vaso de alabastro com perfume;
pôs-se
atrás de Jesus e, chorando muito,
banhava-Lhe
os pés com as lágrimas
e
enxugava-lhos com os cabelos,
beijava-os
e ungia-os com o perfume.
Ao
ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo:
«Se
este homem fosse profeta,
saberia
que a mulher que O toca é uma pecadora».
Jesus
tomou a palavra e disse-lhe:
«Simão,
tenho uma coisa a dizer-te».
Ele
respondeu: «Fala, Mestre».
Jesus
continuou:
«Certo
credor tinha dois devedores:
um
devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta.
Como
não tinham com que pagar, perdoou a ambos.
Qual
deles ficará mais seu amigo?»
Respondeu
Simão:
«Aquele
– suponho eu – a quem mais perdoou».
Disse-lhe
Jesus: «Julgaste bem».
E
voltando-Se para a mulher, disse a Simão:
«Vês
esta mulher?
Entrei
em tua casa e não Me deste água para os pés;
mas
ela banhou-Me os pés com as lágrimas
e
enxugou-os com os cabelos.
Não
Me deste o ósculo;
mas
ela, desde que entrei, não cessou de beijar-Me os pés.
Não
Me derramaste óleo na cabeça;
mas
ela ungiu-Me os pés com perfume.
Por
isso te digo:
São-lhe
perdoados os seus muitos pecados,
porque
muito amou;
mas
aquele a quem pouco se perdoa,
pouco
ama».
Depois
disse à mulher:
«Os
teus pecados estão perdoados».
Então
os convivas começaram a dizer entre si:
«Quem
é este homem, que até perdoa os pecados?»
Mas
Jesus disse à mulher:
«A
tua fé te salvou. Vai em paz».
Depois
disso, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias,
a
pregar e a anunciar a boa nova do reino de Deus.
Acompanhavam-n’O
os Doze,
bem
como algumas mulheres que tinham sido curadas
de
espíritos malignos e de enfermidades.
Eram
Maria, chamada Madalena,
de
quem tinham saído sete demónios,
Joana,
mulher de Cusa, administrador de Herodes,
Susana
e muitas outras,
que
serviam Jesus com os seus bens.
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