16 junho 2013

11º Domingo do Tempo Comum


Hoje é Domingo, e eu não esqueço a minha condição de católico.

O que quer Deus de nós? Há algum tempo que vou fazendo esta pergunta, aplicando-a especificamente à minha pessoa: o que quer Deus de mim? Muitos de nós, crentes, face a encruzilhadas da vida, terão formulado a interrogação. O que quer Deus que façamos?

O tema não é virgem nestes posts dominicais. Tanto oiço a ideia de que cada um tem de suportar a sua cruz, como oiço uma espécie de contrário, que temos é de ser felizes.  Poderíamos falar no caminho de santidade a que somos desafiados, mas já entrei vezes suficientes por essa estrada argumentativa.

A igreja, ao longo dos séculos, transformou em regras aquilo que entendia ser a vontade de Deus: o celibato dos padres, a indissolubilidade do casamento, a não ordenação das mulheres, outras. Todos sabemos que estes preceitos obedeceram, não a uma interpretação divina ou da mensagem de Cristo, mas a um determinado enquadramento histórico, político, económico, de exercício do poder. E contudo as regras são estas, pelo que não há como fugir delas. Podemos discuti-las, criticá-las, tentar, na nossa pequenez, alterá-las. Amar a Igreja é também isto: aceitação.

Há dias, numa conversa interessante com um amigo próximo, falávamos de consciência e de tudo o que gira à sua volta. Ambos católicos praticantes, ousámos alterar uma frase conhecida e rimo-nos respeitosamente: o pecado é um assunto demasiado sério para ser entregue aos padres.  De alguma forma, ali, naquele passeio num sábado de manhã, privilegiámos a consciência em detrimento do cumprimento da regra. Acima de tudo seria a relação individual com Deus a comandar os nossos actos.

Podemos infringir uma regra e estar de consciência tranquila? Assumindo que o sujeito interveniente é sério e honesto, que tem a perfeita noção da implicação dos seus actos, pode genuinamente sentir isto? E se o pecado é a consciência do mal, como se resolve este imbróglio? Talvez seja simples: cumprindo a regra. Ou não cumprindo, e sofrendo as consequências. A regra ajuda a definir comportamentos, facilitando, de alguma forma, o entendimento aos padres e aos fiéis. Cumpre/não cumpre. 

O que quer Deus de nós? O que quer Deus de mim? Como vê Deus o caminho da minha santidade?

Bom Domingo para todos.

JdB


EVANGELHO – Lc 7,36 – 8,3

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo,
um fariseu convidou Jesus para comer com ele.
Jesus entrou em casa do fariseu e tomou lugar à mesa.
Então, uma mulher – uma pecadora que vivia na cidade –
ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu,
trouxe um vaso de alabastro com perfume;
pôs-se atrás de Jesus e, chorando muito,
banhava-Lhe os pés com as lágrimas
e enxugava-lhos com os cabelos,
beijava-os e ungia-os com o perfume.
Ao ver isto, o fariseu que tinha convidado Jesus pensou consigo:
«Se este homem fosse profeta,
saberia que a mulher que O toca é uma pecadora».
Jesus tomou a palavra e disse-lhe:
«Simão, tenho uma coisa a dizer-te».
Ele respondeu: «Fala, Mestre».
Jesus continuou:
«Certo credor tinha dois devedores:
um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta.
Como não tinham com que pagar, perdoou a ambos.
Qual deles ficará mais seu amigo?»
Respondeu Simão:
«Aquele – suponho eu – a quem mais perdoou».
Disse-lhe Jesus: «Julgaste bem».
E voltando-Se para a mulher, disse a Simão:
«Vês esta mulher?
Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés;
mas ela banhou-Me os pés com as lágrimas
e enxugou-os com os cabelos.
Não Me deste o ósculo;
mas ela, desde que entrei, não cessou de beijar-Me os pés.
Não Me derramaste óleo na cabeça;
mas ela ungiu-Me os pés com perfume.
Por isso te digo:
São-lhe perdoados os seus muitos pecados,
porque muito amou;
mas aquele a quem pouco se perdoa,
pouco ama».
Depois disse à mulher:
«Os teus pecados estão perdoados».
Então os convivas começaram a dizer entre si:
«Quem é este homem, que até perdoa os pecados?»
Mas Jesus disse à mulher:
«A tua fé te salvou. Vai em paz».
Depois disso, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias,
a pregar e a anunciar a boa nova do reino de Deus.
Acompanhavam-n’O os Doze,
bem como algumas mulheres que tinham sido curadas
de espíritos malignos e de enfermidades.
Eram Maria, chamada Madalena,
de quem tinham saído sete demónios,
Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes,
Susana e muitas outras,
que serviam Jesus com os seus bens.

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