13 fevereiro 2014

Colar de pérolas (9)



Na pequena sala de concertos de bairro, habituara-se a encostar-se à parede dos fundos, de cigarro meio apagado na ponta dos dedos da mão esquerda e de copo meio vazio na mão direita. Vira já muita coisa, muitas caras, muitas bandas, muitas dores, muitas alegrias. Muita coisa. Mas essa noite foi diferente. No minúsculo palco à sua frente, alguém desfiava as contas de um rosário que ela conhecia bem demais. Como se um pássaro lhe tivesse roubado os suores nocturnos, os medos que mais ninguém testemunhava, e os tivesse conduzido até aquela mulher pronunciadamente pequenina que cantava daquela furiosa maneira. Ao pensar nisto, deu-se conta de como dela diziam exactamente o mesmo - que escrevia em fúria e sempre pronunciadamente em minúsculas.

gi.

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