12 fevereiro 2014

Diário de uma astróloga – [71] – 12 de Fevereiro 2014

Astrometeorologia


No dia em que estou a escrever este post está a chover a potes. Chamam a esta tempestade Ruth, a anterior foi baptizada Hercules, mas o sentimento da maioria dos portugueses é expresso por Mafalda:

Imagem retirada do Facebook do post de Inês Miranda

Antes de haver Instituto Meteorológico, Weather Channel, Windguru, etc., a previsão do tempo era feita pelos Almaques. Na minha secretária está um deles: “O Verdadeiro Almanaque Borda d’Água” publicado em Portugal desde 1929, que contém indicações para os agricultores, características dos signos do zodíaco, dias dos Santos, feiras populares e também previsões meteorológicas.   

Os Almaques têm a sua origem na astronomia babilónica, mas o mais antigo almanaque com o formato “moderno” foi elaborado em Toledo em 1088 pelo “cientista” árabe Ibn Zarqala contendo indicações das posições planetárias. Ao longo dos séculos foram sendo publicados almanaques para marinheiros, para agricultores e para astrólogos.

Nos Estados Unidos, no séc. XVIII, o Poor Richards Almanack era publicado pelo famoso Benjamin Franklin. A capa indica que continha informação sobre Lunações, Eclipses, Previsão do Tempo, Orbitas e Aspectos planetários, etc..



Voltando ao nosso Borda d’Água, na página de Fevereiro a previsão do tempo para a semana que começou  a 6 de Fevereiro é Vento e trovoadas. As previsões são feitas nos dias em que a Lua entra numa fase (Nova, Quarto Crescente, Lua Cheia, e Quarto Minguante).



Numa linguagem moderna chama-se astrometeorologia a esta parte do Almanaque que utiliza a astrologia para a previsão do tempo. Não sei como Ben Franklin fazia as suas previsões, nem como são feitas as do Borda d’Água, mas estudei astrometeorologia com uma colega americana, Carolyn Egan (www.weathersage.com) que tem dedicado a sua vida ao estudo da previsão climática por métodos astrológicos. 

Funciona assim: os planetas têm qualidades de temperatura, humidade e vento que se encaixam dentro do arquétipo do planeta. Algumas delas chegam-nos da astrologia medieval. Resumidamente, o Sol, a nossa fonte de energia, e Marte, o planeta vermelho são quentes e secos, a Lua fria e húmida, Mercúrio frio, seco e ventoso, Vénus, o planeta benéfico, reflecte uma temperatura moderada mas húmida, Júpiter, o outro planeta benéfico é quente e húmido e Saturno, o grande maléfico é considerado frio e seco mas associado com sistemas de baixa pressão, o que pode enganar pois os sistemas de baixa pressão trazem chuva. Úrano está ligado a situações de instabilidade, Neptuno ao nevoeiro e quedas de água e Plutão intensifica as energias dos planetas em que toca.

Os signos também têm as suas características e, com base nesta chave interpretativa, analisa-se primeiro a carta do solstício ou do equinócio precedentes. Esta carta dá-nos o quadro de fundo dessa estação.  Neste caso a estação que estamos a atravessar é vista através da carta do momento em que o sol entrou em Capricórnio, no dia 21 de Dezembro de 2013. Seguidamente elaboram-se as cartas de cada semana para o momento da lunação.

A interpretação das cartas inclui regências, aspectos, ângulos, é muito técnica e, na verdade, nunca fiquei uma verdadeira “expert”, mas as primeiras coisas que me saltaram aos olhos na carta do solstício foram:
a) Vénus não faz qualquer aspecto com os outros planetas pelo que o seu efeito moderador está limitadíssimo.
b)Úrano, o planeta das tempestades, está em aspecto com Marte e Plutão que ampliam a sua instabilidade.
Destes dois factos já temos ampla experiencia. E o que nos reserva a semana que vem?

A carta da próxima lunação é a da lua cheia de 14 de Fevereiro. Aqui Marte está numa posição importante, conjunto e regendo o ascendente mas com aspectos suaves e os dois benéficos, Vénus e Júpiter, estão em aspecto um com o outro. Esta carta não substitui a do solstício mas dá-nos razão para optimismo.

O Borda d’Água está de acordo e indica Bom Tempo para a semana que começa no dia de S. Valentim. Mas mesmo assim, em vista da carta do início do Inverno, convêm não esquecer o guarda-chuva em casa.

Luiza Azancot

2 comentários:

ACC disse...

Impressionante mas faz todo o sentido. Aconselho a leitura do editorial do borda de água. Lembras te que no ano passado houve um rumor sobre a possibilidade do verão mais frio de sempre. Consultei o almanaque que dizia exactamente o contario. E não é que o verão foi espectacular?

Anónimo disse...

"Se a Nossa Senhora das Candeias estiver a rir está o Inverno para vir, se estiver a chorar está o Inverno a passar"

Uma versão popular, poética e ancestral da previsão meteorológica

É sempre um gosto passar pelo "Adeus até ao meu regresso"

Um grande xi coração

João Diogo

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