Evangelho de
Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 3, 16-18)
Naquele tempo,
disse Jesus a Nicodemos:
«Deus amou tanto o mundo
que entregou o seu Filho
Unigénito,
para que todo o homem que
acredita n’Ele
não pereça, mas tenha a vida
eterna.
Porque Deus não enviou o seu
Filho ao mundo
para condenar o mundo,
mas para que o mundo seja salvo
por Ele.
Quem acredita n'Ele não é
condenado,
mas quem não acredita n’Ele já
está condenado,
porque não acreditou no nome do
Filho Unigénito de Deus».
***
A
Santíssima Trindade
A maneira mais cristã de compreender o
que Deus é consiste em ater-se à maneira como Deus age…É à luz de Jesus Cristo
– à luz das palavras de Jesus e da maneira como Ele se identificava a Si mesmo
como Aquele que o Pai enviou, como a comunicação do Pai, contemplando tudo o
que Jesus disse e fez – que entrevemos mais e melhor quem é Deus, através dos
sentimentos que Ele tem a nosso respeito.
“Deus”, diz Jesus a Nicodemos, amou tanto
o mundo que entregou o seu Filho Unigénito”: “Deus-Pai”, “Deus-origem” criou um
mundo que ama; a criação de algum modo transborda dessa vida divina que Deus
quer partilhar … por isso cria! “Deus amou de tal modo o mundo que entregou o
seu Filho Unigénito para que todo o homem que acredita n’Ele [em Jesus] não
pereça, mas tenha a vida eterna”: Jesus aparece como aquele que o Pai oferece e
em quem Se oferece ao mundo, para que o mundo, que brota do seu amor criador,
não pereça, não se desfaça porque lhe falta essa presença divina. Então temos
um Deus que cria o mundo e que sustenta o mundo, porque vem ao encontro desse
mesmo mundo; entrega-se em Jesus ao mundo, para que o mundo permaneça
consistente, ou volte a ganhar consistência… afastado de Deus, o mundo secaria
como o rio cortado da nascente; isto significa que é o Amor de Deus, o seu
Espírito, que sustenta o mundo!
Há aqui um Deus que é circulação de vida,
que é Pai, que é fonte, mas depois também comunicação, Deus-connosco, que é um
dos nomes de Jesus… Ele é o Emanuel! Descobrimo-nos assim envoltos no amor que
Deus nos tem, descobrimos o amor que O leva a tudo fazer para nos recuperar, para
evitar que qualquer um de nós se perca d’Ele… Esse amor é o próprio amor que
circula entre Jesus e o Pai, é o Espírito Santo!
D.
Manuel Clemente (2013), O Evangelho e a
vida. Conversas na rádio no dia do Senhor. Cascais: Lucerna, 308-309.
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