Portugal como destino turístico está na moda,
segundo têm repetido os media da especialidade. Em concreto, Lisboa está no top
3 das metrópoles ocidentais mais procuradas por e mais recomendadas aos
turistas.
Quem conhece a cidade do Tejo, sabe bem que
por muito que se dominem os recantos mais recônditos da capital, há inúmeros
lugares por desvendar, até porque vários deles não estão abertos ao público(1). Aqui vai um mini-guia a espaços lindos e cheios de história, que pouquíssimos
terão visto, como antigos palacetes, hoje propriedade de embaixadas, serviços
do Estado ou privados. A escolha desdobra-se em 2 gins, começando pelos mais
acessíveis:
ARCO DA RUA
AUGUSTA, junto ao Terreiro do Paço (aberto ao público, com elevador e lance de
escadas até ao topo)
Designado por Arco do Triunfo, Arco Triunfal ou Arco
do Triunfo da Rua Augusta conheceu a primeira versão logo após o
terramoto de 1775. Em 1873 foi reedificado segundo o projecto
do arquitecto Veríssimo José
da Costa.
Na
parte superior do arco, há
esculturas de Célestin Anatole Calmels a representar a Glória, coroando o Génio e o
Valor. No plano inferior encontram-se esculturas de Vítor
Bastos, a representar Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco
da Gama e o Marquês de Pombal. Nas laterais estão representados os rios
que delimitavam a região dos Lusitanos: o Douro
e o Tejo. O texto inscrito no topo do arco alude à grande gesta da descoberta
de novos povos e culturas: Às Virtudes
dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. (VIRTVTIBVS MAIORVM VT
SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD).
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS, junto à rua do
Século, ao Bairro Alto (visitável mediante marcação prévia)
As actuais instalações da
Academia correspondem ao antigo Convento de Jesus. Criada em pleno Iluminismo
(1779), durante o reinado
de D.Maria I,
começou por ser designada de Academia Real das Ciências, demarcando-se
do regime do Marquês de Pombal e do estudo das humanidades, ao pretender
valorizar o estudo das Ciências e das Belas
Letras. Depois da implantação da República, passou a denominar-se Academia das
Ciências de Lisboa.
No seu interior, salienta-se o
magnífico Salão Nobre no espaço que antes albergara a biblioteca conventual. O
salão vale pela decoração com pinturas no tecto assinadas por Pedro Alexandrino
de Carvalho, o revestimento das paredes com estantes de talha dourada e a
galeria que contorna a balaustrada. Vale também pelo valioso espólio, com cerca
de 3000 manuscritos portugueses, árabes, espanhóis e hebraicos, uma colecção de
livros desde o século XIV até seiscentos, além de possuir das mais completas
séries de periódicos das áreas de Ciências e Humanidades.
PALÁCIO FOZ, nos Restauradores
(permite visitas parciais, em concreto durante eventos abertos ao público)
Propriedade
do Marquês de Castelo Melhor, a construção teve início em 1777 para substituir
o palácio velho arrasado pelo terramoto. Ao longo do tempo acumulou diversas
remodelações e mudanças de propriedade, que favoreceram a variedade de estilos,
desde o rococó ao neo-gótico e neo-manuelino.
Nomeadamente
a zona designada por abadia foi local
de reuniões secretas da elite maçónica. Aliás, parte da decoração do palácio
exibe símbolos esotéricos e figuras mitológicas, tendo servido de cenário a
episódios do filme «Mistérios de Lisboa».
PALÁCIO
RIBEIRO DA CUNHA, no Príncipe Real (aberto ao público, com zona comercial e
restaurante no interior)
O seu
estilo neo-mourisco, do período do Romantismo, tornam-no num dos edifícios mais
emblemáticos do Príncipe Real.
Actualmente,
a sua fachada tão característica está encoberta por um taipal que esconde as
obras de remodelação em curso. Datado de 1877, começou por ser residência
privada, com jardim no lado nascente.
CAPELA DE
SANTO AMARO, na colina em Alcântara (permite visitas, quando abre ao culto)
Fundada em
1549, foi dedicada a Santo Amaro, por lhe ser atribuído o milagre de salvamento
de um barco em vias de naufragar, que ali conseguiu aportar.
Dotada de
uma arquitectura rara, em forma circular, tem as paredes forradas de magníficos
azulejos policromados, do século XVII, que aludem ao episódio do naufrágio
iminente, assim como às curas de pernas e braços partidos atribuídas a este
Santo. No remate exterior sobressaem as portas num rendilhado assombroso em
ferro forjado, de onde se tem uma vista panorâmica sobre o Tejo.
IGREJA DAS
MERCÊS, no Largo de Jesus, entre S.Bento e o Chiado (visitável logo após a
missa dominical do meio-dia)
Num largo
que se avista durante o percurso do eléctrico 28, na base da colina do Chiado,
o monumento data do século XVII. Ligado ao Convento de Nossa Senhora das
Mercês, é especialmente notável o seu conjunto azulejar na Sala da Irmandade
(hoje chamada Sala de Passagem), de 1714. A abóbada está integralmente forrada
de azulejos, inspirados na temática das Litanias da Virgem, pintados por um dos
mestres do barroco – António de Oliveira Bernardes.
SALÃO POMPEIA
NO PALÁCIO DOS CONDES DA EGA, na Calçada da Boa hora /Ajuda (visitável com marcação prévia)
Datado do
século XVI, alberga o Arquivo Histórico Ultramarino, desde 1931. No século
XVIII foi remodelado, incluindo a construção do Salão Pompeia, enriquecido com
frescos, magníficas colunas e 8 painéis de azulejos holandeses onde figuram os
principais portos europeus. Inclui ainda uma estátua de Apolo, o deus da
música, pois era a sala destinada aos concertos de câmara.
Durantes
as Guerras Napoleónicas, foi a morada do General Junot, amante da Condessa da
Ega. Mais tarde, a condessa casou-se com o conde Stroganov e mudou-se
definitivamente para S.Petesburgo. Nos seus domínios de Lisboa descobriu a
receita do cozinheiro do conde russo, que se celebrizou como estrogonofe.
Percebe-se que uma
cidade com perto dois milénios de vida intensa guarde muitos e bons segredos.
As próximas sugestões vão daqui a 15 dias.
Maria Zarco
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(1) Levantamento
feito a partir das escolhas de www.lisbonlux.com/magazine/lisbon-behind-closed-doors-10-secret-interiors/
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