17 dezembro 2015

Poemas dos dias que correm

Fotografia de Alfredo Cunha (tirada da net)


Nas fronteiras deste Mundo

Deus nas fronteiras deste mundo,
Deus que cruzamos como as sombras,
dá-nos um corpo de desejo
e um ouvido de começo,
fica connosco Deus que passas
e nossas mãos te larguem,
Deus confundido com a sede,
e as palavras que dizemos,
vem alterar o nossos corpo,
vem confundir a nossa fome,
Deus da palavra,
flor do vento,
manhã que vem em Jesus Cristo.

Dê-te prazer o nosso canto,
Deus das manhãs azuis e rosa,
que o nosso corpo te anuncie qual fonte,
rio ou chaga aberta,
que nossas mãos persigam o teu passar escondido.

Deus invisível para os olhos,
palavra solta, luz que passa,
é neste tempo que dizemos o claro escuro do teu nome,
onde é secreta a tua face e o teu passar adivinhado.

(Frei José Augusto Mourão)

***

O silêncio (segundo Angelus Silesius)

Deus ultrapassa tudo
nada se pode dizer
a tua oração seja
a prece do silêncio

Cala-te, cala-te, dileto
aprende ainda a calar
A prodigalidade de Deus
só a alcança
a prece do teu silêncio

Ninguém fala menos do que Deus
em nenhum tempo, em nenhum lugar
A Palavra que Deus pronuncia
é silêncio

(Pe. Tolentino Mendonça)



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