15 dezembro 2015

Duas Últimas

Dos dicionários: Pavana: antiga dança espanhola, de movimentos pausados e graves.

Há um jogo de salão em que alguém faz perguntas sobre outro alguém: se fosse um animal o que era? Se fosse uma cor o que era? Se fosse uma música / género musical, o que era? O objectivo é identificar a pessoa em questão através das respostas. 

Há uma certa confusão - natural, seguramente - entre o que somos enquanto género musical e a música de que gostamos. Se perguntarem a meu respeito o que sou enquanto género musical, quem me conhece bem arrisca o fado ou o requiem. Talvez o digam porque sou apreciador de ambos os géneros musicais. Significa isso que sou aquilo de que o fado fala? A miséria, a desgraça, o destino, o ciúme, a traição, a saudade? Significa isso que sou triste, com uma ligação muito profunda aos mortos?

O que sou eu, enquanto género musical? Talvez nem eu próprio saiba exactamente. Há alturas em que sou fado, há alturas em que sou requiem, como há alturas em que sou um Te Deum, um slow ou algo mais agitado da minha juventude. Ou serei um tango, naquela dolência sensual que nem sequer terei. Ninguém sabe quantos tem dentro de si.

Hoje sou uma pavana.

JdB



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