20 maio 2020

Vai um gin do Peter’s ?

ELVIS e TONY BENNETT EM SERENATA À SENHORA DE FÁTIMA 

Recuando à juventude de Elvis (1935-1977), em 1948, a família muda-se para Memphis e torna-se próxima de Lee Denson, que acabou por ser professor de guitarra do adolescente de 13 anos. Embora as duas famílias fossem evangélicas, o professor de música começou a aproximar-se do catolicismo e da mensagem da Serra d’Aire através da mulher, que era a excepção como católica e logo calhava conhecer e ser devota da mensagem de Fátima. 

No início da década de 60, Lee compôs uma canção às Aparições da Cova de Iria, a que chamou «THE MIRACLE OF THE ROSARY». Pediu, depois, a Elvis para lhe dar voz. A 15 de Maio de 1971, Presley gravou-a na sua batida calorosa e integrou-a no álbum «Elvis Now!», publicado no ano seguinte, a 20 de Fevereiro. O rei do rock manteve intacta a letra, que desfia a Avé-Maria, enquanto agradece o milagre dessa oração de simplicidade cristalina, repescada pela ‘Senhora mais brilhante do que o sol’ para se tornar na companhia mais assídua dos Pastorinhos. 

Na década de 80, já Elvis tinha morrido, a canção foi entoada no Santuário de Fátima por Lee Denson, que também a cantou no Carmelo de Coimbra para a única vidente viva – a já velhinha irmã Lúcia.



A letra: 

«Oh Blessed Mother we pray to Thee
Thanks for the miracle of Your Rosary
Only You can hold back
Your Holy Son's hand
Long enough for the whole world to understand
Hail Mary full of grace
The Lord is with Thee
Blessed are thou among women
And blessed is the fruit of Thy womb, Jesus
Oh Holy Mary dear Mother of God
Please pray for us sinners
Now and at the hour of our death
And give thanks once again
For the miracle of Your Rosary.»

Nova homenagem da cultura pop americana às Aparições de 1917 emergiu a seguir à Segunda Guerra Mundial, com outra música focada na história misteriosa acontecida a três miúdos do Portugal profundo, mensageiros improváveis e sem credenciais mínimas para uma comunicação urbi et orbi. Intitulou-se «OUR LADY OF FATIMA» e foi comprada pela editora Robbins, em 1950, que a gravou com as vozes conhecidas da época: Red Foley, Kitty Kallen e Ricard Hayes, Andy Williams, Bill Kenny. Mas o intérprete mais famoso, de longe, foi o artista que continua a somar fãs em várias gerações e ser aclamado por encarnar os melhores valores norte-americanos – Tony Bennett. As Nações Unidas atribuíram-lhe o título de «Cidadão do Mundo» e são incontáveis os galardões nacionais e internacionais que já recebeu. Só Grammys foram 19.  Na sua gravação de Our Lady, decorrida em Julho de 1950, Bennett introduziu uma espontaneidade na ária-oração, declarando que acreditava em milagres. Na autobiografia «The Good Life: The Autobiography Of Tony Bennett» classificou esta peça musical de «melodramática» e associou-lhe o facto de ter correspondido à sua estreia com o orquestrador Percy Faith.

Além de serem atípicas as incursões da música pop e do rock norte-americanos na religião, ainda mais as devoções marianas (pouco a ver com a confissão maioritária protestante), «Our Lady of Fatima» chegou ao sexto lugar na hit parade – o ranking musical da revista de referência Billboard.


A letra:

«OUR LADY OF FATIMA
(Ave Maria!
Ave Maria)

Dear Lady of Fatima,
We come on bended knee
To beg your intercession,
For peace and unity.
Dear Mary, won't you show us
The right and shining way?
We pledge our love and offer you
A rosary each day!

You promised at Fatima,
Each time that you appear,
To help us, if we pray to you,
To banish war and fear.
Dear lady, on first Saturdays,
We ask your guiding hand,
For grace and guidance here on earth,
And protection for our land.

(You promised at Fatima,
Each time that you appear,
To help us, if we pray to you,
To banish war and fear.)
Dear lady, on first Saturdays,
We ask your guiding hand,
For grace and guidance here on earth,
And protection for our land.
(Ave Maria!)»
   
Versão de Gladys Gollahon / Samuel Lewis


Nas voltas surpreendentes da vida, calha bem revisitar momentos que podem dar ânimo ao nosso tempo e a boa música é especialmente vitamínica. Revisitá-los vale, ao menos, como tributo a um passado que soube fugir ao comum, com talento. 

Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)

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