16 dezembro 2020

Duas Últimas *

 


Trégua

Quando a chuva teima em insistir
Num universo em que a chuva é normal
Se molha o sítio de onde não queres sair
Mudas de espaço mas continua igual

Há qualquer coisa estranha a perfurar
Mas essa pele já não sabe sentir
Já não tem nervo para sair do lugar
Faltam-te forças para parar de dormir

E dormes tu sem chamar à atenção
E durmo eu por te ver a dormir
Talvez por dentro não bata um coração
Talvez a chuva teime em insistir

Mas se o mundo ameaçar o meu chão
Eu sei que não vou querer desistir
Que dentro bate forte o meu coração
E vai bater até eu cair
Enquanto bate não me cega a razão
Não vou descer abaixo de mim
Por isso bate forte o meu coração

Bate, bate dentro de mim
Bate, bate dentro de mim

Se o dia grita mas não sabes ouvir
Porque é no escuro que te sentes melhor
Quase te acorda mas não sabes sentir
Quase te queima mas não sentes calor

Há qualquer coisa que te faz duvidar
E desconfias do que vem a seguir
O mundo voa mas preferes ficar
A luz acorda mas decides dormir

E dormes tu sem chamar à atenção
E durmo eu por te ver a dormir
Talvez por dentro não bata um coração
Talvez a chuva teime em insistir

Mas se o mundo ameaçar o meu chão
Eu sei que não vou querer desistir
Que dentro bate forte o meu coração
E vai bater até eu cair
Enquanto bate não me cega a razão
Não vou descer abaixo de mim
Por isso bate forte o meu coração

Bate, bate dentro de mim

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* enviado por mão amiga

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