03 abril 2009

ainda e sempre, o teu nome




há nas horas de almoço perdidas
toda uma secreta magia parente
próxima do silêncio das catedrais
como se estivéssemos quase rente
a uma hibernação das coisas banais.

o videozinho vem lá de trás, anos
setenta, com o seu grão muito próprio,
imagens com cores saturadas (triunfais)
celebrando um homem que teve tudo e de
quase tudo abdicou por dores mortais.

eu gostava mesmo de saber escrever bem,
em vez destes rendilhados pouco canónicos
e de toda a sorte de rimas algo inocentes,
mas gostava ainda mais de perguntar ao john:
isso de se escolher a vida é só para crentes?

notem que utilizo a palavra com cartesiano
rigor, régua e esquadro em punho, e assim,
cuidados mil para não partir os mil vitrais:
como falar do john falando um pouco de mim?
como falar de mim sem usar palavras fatais?

acho que o john pouco se preocuparia com os
preciosismos estilísticos, com as angústias
que aparecem nas vazantes horas de almoço.
era rapaz para me olhar bem nos meus olhos
e me revelar o segredo: afinal cada fim é

só inteiro recomeço.


gi

1 comentário:

DaLheGas disse...

bem lembrado gi :) à sua maman!

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