22 setembro 2009

Memórias e Lembranças


Das memórias que fogem do tempo, a que seguro com mais afinco é a do olhar, que nunca uns olhos souberam dizer tanto como aqueles. Os anos foram rasgando afincadamente as rugas da idade, à força de muito sol e muito sorriso franco, do homem que, de entre todos os que nasceram naquele tempo difícil, se ergueria para caminhar sempre um passo à frente do mundo. Quase todas as vidas davam um livro, menos são, em verdade, as que dariam um bom livro, raras contudo, são as que não cabem em qualquer livro, por mais que se encolham as frases e se estreite o papel.Das mil e uma linhas que, escritas, não diriam tudo, escolho algumas que, pertinentes nesta altura, reproduzem o que outros, pegando no mesmo exemplo, o do meu avô, e procurando o mesmo fim que eu, já rabiscaram com contornos semelhantes.Defendo que a felicidade do Homem, na sua essência, reside num dos sentimentos mais corriqueiros e, sobretudo, mais desvalorizados dos dias que correm, o da utilidade. O Homem é feliz se sentir que é útil.

Levantar-se-ão, perante esta afirmação, vozes com acusações de ingenuidade, mas eu sei que os olhos bons do meu avô eram, com toda a certeza, rasgados pelo triunfo de se sentir útil. E desengane-se quem pensa que o reconhecimento é condição necessária, porque não o é, de todo.

Ficam estas linhas, para lembrar coisas que eu não gosto de esquecer.

ZdT

1 comentário:

Anónimo disse...

1000% de acordo, ZdT! Nada ingénuo, totalmente real. Acho eu. pcp

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