11 setembro 2009

o último dia de agosto

faz hoje sete dias, rigorosamente cronometrados,
que quebrei a promessa de não mais vos escrever,
abusando de versos pobres e de tons desbotados,
abusando da paciência de quem ainda me teima em ler.

ia sentado num barquinho, que digo!, numa lancha,
entre ilhas, talvez de um contentamento algo infantil,
em frente, meus olhos bem focados naquela criança
e no seu papagaio, a quem sussurrava ternuras mil.

este poema, escrevi-o de memória, sem tal perceber.
estranhei, confesso, a mistura de mar salgado e lágrima,
escondida por entre a gola levantada e o anoitecer,
mistura improvável, agridoce, imparável - próxima -,

metáfora de tudo o que quero dizer e aqui se intromete
(esse sentimento intenso que nos rouba tino e razão),
esqueçam a figura de estilo que a este verso precede
- há milhentas por aí, sempre à nossa infeliz disposição.

o que interessa reter é todo um verbo: "sussurrar agosto",
três substantivos: "um rapaz", "um papagaio" e "um barquinho",
(a sintaxe, a ortografia, a semântica ficam a vosso gosto)
e aquele meu coração agora insular.. a voar baixinho.


gi

3 comentários:

Anónimo disse...

(se valeu a pena, que se quebrem as promessas.. para voar...mesmo baixinho.

abç a. )

DaLheGas disse...

há dias insanos em que se fazem promessas loucas. mas ao menino e ao borracho, deita Deus a mão por baixo. bem-vindo!

Anónimo disse...

VOAR BAIXINHO...Tanta surpresa, tanta alegria, tanta fantasia. Isso é a vida. Deixemos fluir, porque nunca sabemos onde está Deus (apesar de ele estar sempre perto de nós) e o que importa é sermos felizes. Enjoy life. It's short e vale a pena!

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