13 setembro 2011

Duas últimas

Olho para o meu iPod e sei que tenho algumas versões do My Funny Valentine. É uma música de que gosto muito - talvez por ter uma toada melancólica -, apesar de não lhe encontrar cruzamentos especiais com épocas ou momentos da minha vida. Não a dancei, não a ouvi em épocas ou dias marcantes, foi demasiado cantada (enfim, cantar o My Funny Valentine nunca é fazê-lo de mais) para que me tivesse fixado num intérprete. Socorro-me da estatística, porque sempre me compõe o argumento: a música surge em 1300 álbuns, cantada / tocada por mais de 600 artistas. Apresento-vos três - versões - três. Talvez tenha sido gravada em ritmo de mambo, ou por uma destas orquestras que abrilhantam as corridas de toiros, mas não encontrei evidências.

Na peça original (Babes in Arms), a personagem feminina goza com algumas características do personagem masculino mas, por fim, diz-lhe que ele a faz rir, e que não quer que ele mude. Venho de uma família com uma paciência diminuta para maçadores - o enfado era quase sempre recebido com um bocejo menos educado -, pelo que achei a alusão curiosa.

Fiéis - surpreendentes fiéis: atentem na letra do My Funny Valentine e na história que está por trás. Se um dia voltar ao Zimbabwe e me aventurar, numa dessas sextas-feiras nocturnas, no karaoke, talvez escolha esta música. Enquanto isso não acontecer - o que é o mais provável - pensarei na peça e na forma como Billie Smith (ela) diz a Valentine (ele): you make me smile. Já não se perdeu tudo, num mundo e num tempo em que o contentamento é uma actividade difícil.

Na liberdade criativa de editor e dono do estabelecimento, imagino o que ele (Valentine) lhe diria (a ela, Billie): se te perguntarem o que vês em mim, podes sempre dizer: olha, faz-me rir... 

JdB         






3 comentários:

JdC disse...

E há lá coisa mais conveniente do que ter um parceiro que nos faça rir? Há lá coisa mais importante numa relação do que o humor?
Boa escolha de uma grande música.

Ana LA disse...

Bom dia!
A escolha dos temas está perfeita.
Olhe, faz-me rir in my heart, diz-se na música. Ainda é melhor do que fazer só rir.

Anónimo disse...

Uma boa lição, nem sempre aprendida (falo por mim): fazer rir, sobretudo aqueles de quem gostamos.
Como sempre, um texto que vai para lá da (óptima) música.
Abraço,
fq

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