leitor amigo:
hoje, não tenho nada para escrever que mereça ser escrito,
nada tenho a dizer que mereça – mesmo – ser dito.
ambos sabíamos que haveria de chegar o momento
em que o famoso bloqueio nos sairia ao caminho,
para meu desconforto e para teu merecido descanso.
como se a negação da escrita fosse, em si mesma,
a cerimónia da sua própria confirmação
(no fundo como é a morte a definidora da vida).
a isto chamamos, tu e eu, muito baixinho,
a secreta ontologia das palavras.
rastilhos acesos que tombam em cinzas, de repente,
e que nos deixam a memória repleta de espectros brilhantes
- toda a luz que, até há pouco, existiu.
(silêncio.)
leitor meu, não te distraias.
olha que nada disto verdadeiramente importa..
o que importa é dizeres-te bem alto um segredo:
vais ousar bater com a porta,
vais ousar vencer a troika,
vais espantar de vez do teu espelho
essa viscosa coisa a que chamas medo.
gi.
2 comentários:
Muito, muito bom, gi! pcp
xiiiiiii .... adorei !
Maf
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