30 maio 2013

Falando do nada



Apetece cantar…

A Natureza prepara-se para engrinaldar o mais agreste descampado, ao tecer a manta de cores variadas e de fios entretecidos num cruzamento de finas rendas. A sua arte desperta no momento maravilhoso em que os dias se tornam maiores e o Sol nos acaricia por mais tempo.

Apetece olhar as vertentes multicolores e deixar rolar os olhos, maravilhando o pensamento, e embevecer os sentidos na luminosidade das cores, fitando o desabrochar deslumbrante dos arbustos ou das plantas mais insignificantes.

Apetece subir ao palco pelos carreiros e sentirmo-nos também uma flor na paisagem!

Apetece cantar o encanto de se ser uma estrela numa constelação onde a luz não fere os olhos e esta repousa embalada por uma canção onde as abelhas são todas mestras e os zangões são todos tenores.

Apetece dilatar ao máximo permitido o peito, aspirando o ar balsâmico e retemperar as forças gastas na travessia do Inverno, sabendo que a barca condutora do nosso destino chegou sã e salva a um porto acolhedor, tendo partido de um mar de sargaços.

Apetece rezar uma oração de amor à Natureza, que se revela, cantando, a um mundo ferozmente arreigado no ódio, quando a paz do monte prolifera e é um exemplo para ver, sentir e viver!

Apetece cantar…

E viver…

E acreditar que tudo, doravante, vai ser diferente!

Que os homens vão acreditar, também, entre si…

Apetece cair de joelhos sobre as pedras duras, e ficar numa oração ardente a clamar a misericórdia do Alto para o mundo louco dos homens, dando-lhe graças pela infinita beleza das cores do monte, na esperança, que esta inunde um dia, os seus corações…

Por essa esperança, cantemos e vivamos!

JC

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