23 abril 2014

Diário de uma astróloga – [76] – 23 de Abril de 2014


Gabriel Garcia Marquez


Hoje escolho recordar Gabriel Garcia Marquez, escritor que me proporcionou horas de prazer literário. Segui a saga da família Buendia em “Cem Anos de Solidão”, a vida amorosa de Fermina em “Amor em Tempo de Cólera”, Santiago Nasar a adiar o encontro com o destino em “Crónica de uma Morte Anunciada”, e também “O General no seu Labirinto” (Simon Bolivar), “O Outono do Patriarca” (retrato do ditador estereotipo da América do Sul), chorei no triste, poético e emocionante conto “Ninguém Escreve ao Coronel”, e li talvez outros dos quais não me recordo.

Gabriel Garcia Marquez morreu em 17 de Abril de 2014 na cidade do México com 87 anos, depois de uma vida cheia de dificuldades, oportunidades e sucessos. O mais velho de 11 irmãos foi deixado pelos pais aos cuidados dos avós que o iniciaram no mundo mágico que veio a ser o pano de fundo da sua obra. Conheceu a pobreza e a opressão dos regimes ditatoriais que aparecem nos seus livros. Estudou jornalismo em Cartagena e como jornalista viajou para a Europa e sul dos Estados Unidos acabando por se instalar na Cidade do México, a sua segunda “casa”. Foi escrevendo ficção enquanto trabalhava, até que aos 40 anos resolveu vender o carro e com esse dinheiro dedicar-se a escrever a obra que veio a chamar-se “Cem anos de Solidão”. Demorou mais tempo do que pensava e esgotou os seus recursos de forma que a mulher teve que empenhar as suas últimas posses para pagar os selos necessários para mandar o manuscrito para os editores. O seu sucesso foi imediato e em 1982 ganhou o prémio Nobel de Literatura.

Mestre do estilo realismo mágico onde o sobrenatural e o extraordinário fazem parte da “normalidade”. Os acontecimentos são reais, muitos têm uma conotação fantástica e inexplicável mas que dentro da fábula e do mito não parecem ao leitor de todo improváveis. Gabriel Garcia Marquez não inventa novos mundos, como o género de ficção científica, mas revela a magia do mundo em que habitamos.


A carta do céu de Gabriel Garcia Marquez mostra como estava bem equipado para trazer aos seus leitores o realismo mágico e como os acontecimentos da sua vida estavam em sintonia com o Universo.


  • Com 4 planetas em Peixes, nasce com uma predisposição para o intuitivo, para dissolver as fronteiras entre o real e o imaginário, para compreender os pobres e os sacrificados e para escapar para o mundo da fantasia.  
  • Entre esses planetas, assinalado a violeta, temos Mercúrio (o comunicador do zodíaco) conjunto a Úrano, na casa 12, casa regida naturalmente por Peixes. Gabo, como era conhecido entre amigos, dizia-se contador de histórias. As suas histórias têm a originalidade de Úrano, a fantasia de Peixes. Os planetas da casa 12 operam escondidos, como se estivessem nos bastidores e é necessário um trânsito forte para os trazer para o palco. Foi precisamente quando Úrano e Plutão em conjunção fizeram uma oposição ao seu Sol e Júpiter natais que Gabo começou a escrever os “Cem anos de Solidão”. Recebeu o prémio Nobel em Dezembro de 1982 quando Plutão passava no descendente e iniciava o novo ciclo da Lua progredida.
  • Assinalado a azul temos Neptuno, o regente de Peixes, na casa 5 (criatividade e filhos). Antes de contar histórias, Gabo imaginou-as (Neptuno) e teve necessidade de lhes dar vida para encanto dos seus leitores.
  • O tema é dominado pela energia e o arquétipo Peixes/Neptuno, casa 12, mas é ligado por Saturno, assinalado a castanho. O astrólogo Mar Edmund Jones atribuiu nomes e características a determinadas formações. A esta, assinalada a verde, onde todos os planetas estão contidos em 180°, excepto um que forma uma oposição central, Marc Edmund Jones chamou “balde”. É a pega, nesta caso Saturno na casa 8, que torna a o contentor cheio da energia Peixes em manifestações concretas. É também o responsável pela palavra “realismo”. Saturno na casa 8, regida por Plutão, deu a Gabo a capacidade de se aproximar de temas trágicos, de crises, de morte, de transformações que povoam esta casa.
  • Quando Júpiter por trânsito está conjunto ao Plutão natal, Gabriel Garcia Marquez deixa a Terra, com a indicação de que a sua viagem continuará noutro plano. Ele, o mestre da navegação entre planos diferentes da “realidade”, achou que era o momento certo.
  • Muitos sabem que estamos a atravessar dias muito tensos simbolizados pela grande cruz nos céus que inclui a 5ª quadratura de Úrano e Plutão. Esta formação atingiu o Plutão natal de Gabriel Garcia Marquez no dia da sua morte.

Este último facto astrológico traz-me ao mundo actual e às tensões e oportunidades do momento que vivemos. O tema dominante de “Cem Anos de Solidão” é a inevitável repetição da história trágica de Macondo. Mas não tem sempre que ser assim. É em épocas como a que atravessamos, aliadas ao simbolismo de ressurreição da Páscoa, que as palavras de Gabo em “Amor em Tempo de Cólera” devem ser lembradas: Os seres humanos não nascem de uma vez por todas no dia em que as mães dão à luz, mas... a vida obriga-os repetidamente a dar à luz a si mesmos."

Luiza Azancot

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