Por alturas dos anos oitenta, quando a generalidade dos meus amigos de então começou a casar, rara era a boda que incluía dança. Lembro-me de duas, talvez. As festas eram à hora almoço e, ao fim da tarde ou princípio da noite - depois de serem alvo de tropelias várias - os noivos partiam em lua de mel, envergando uma fatiota especial que celebrava uma vida conjugal que ali se iniciava.
Hoje começa a casar a geração abaixo da minha - filhos de amigos antigos ou de outros que, sendo mais velhos do que eu cinco ou seis anos, se tornaram amigos pelas circunstâncias da vida. De uma dezena de casamentos nos últimos três ou quatro anos, por aí, só dois se realizaram à hora de almoço - e um não consigo localizar. Todos têm música, dança, noites prolongadas. Aos noivos já não se fazem tropelias e, numa percentagem muito grande de casos, a vida conjugal não começa naquele dia. Nem sequer sei se existe o conceito de "vestido / fato de saída"...
Em trinta anos a realidade mudou, como já tinha mudado dos anos cinquenta para os anos oitenta. Ganhou-se e perdeu-se consoante os gostos pessoais.
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Hoje em dia só danço nos casamentos. De uma vida moderada de boîtes nocturnas, como se dizia na altura, passei para zero. Só danço em festas, porque a vida é assim. E, como há trinta ou quarenta anos - e admito que para trás fosse relativamente parecido - há músicas que arrastam multidões para a pista. O Airport, dos The Motors, ou o I Will Survive, da Gloria Gaynor, são apenas dois exemplos do meu tempo. Hoje os cotas atiram-se muito à pista para dançar o New York, New York, com cujo ritmo tenho dificuldade de rodar na pista.
Deixo-vos com Seu Jorge, em Burguesinha, uma música que, no penúltimo casamento a que fui, moveu as hostes. Agitem-se, em querendo, que o Brasil é sinónimo de agitação e saudade.
JdB
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