15 julho 2021

Crónicas das Madeira bela (II) *

 

Clube de Turismo da Madeira, Julho 2021

Telefonam-me de Lisboa por um assunto que não vem ao caso:

- Estás em Lisboa?

- Não, estou na Madeira, de férias.

- Já foste ao...

- Não quero ir a lado nenhum!

Vimos à Madeira e perguntam-nos se já fomos aqui ou ali. A pergunta não é estranha - a não ser para mentes perturbadas, como a minha. Eu explico: tenho amigos que passam férias no Magoito. Nunca me ocorreu perguntar-lhes:

- Já foram ao Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas?

Tenho amigos que passam férias em Alcácer do Sal. Nunca me ocorreu perguntar-lhes:

- Já foram à Cripta Arqueológica do Castelo?

Nessa linha de pensamento, porque quereria eu ir não sei aonde na Madeira, destino esse para onde iria forçosamente com um carro, que não tenho?

Talvez porque parte da minha vida activa desde Outubro tenha sido um pouco agitada, vim para o Funchal com um fito principal: apanhar sol e tomar banhos de mar. Pela primeira vez senti que essas duas actividades me restituíam uma certa energia que se foi perdendo nos últimos meses. Não era só o gosto de apanhar sol e tomar banhos de mar, mas uma certa necessidade vital que me impelia a isso. 

Tomar banho no Clube de Turismo permite não estar em contacto com os dois únicos factores menos agradáveis numa praia vulgar: a areia e o excesso de pessoas. Há pouca gente, não há areia - e o banho é extraordinário, não só porque a temperatura da água é equilibrada, mas porque é um mar fundo, grosso, com ondulação, para onde mergulho com destemor e gosto do alto de um pontão. Dias houve em que fiz 3 horas de "praia"; dias houve em que fiz 7: estendido ao sol numa espreguiçadeira, a dar mergulhos a cada 10 minutos, embalado por um calor que não é excessivo e por um sotaque que tem o seu quê de encanto.

Não quis ir a lado nenhum, a não ser aos sítios onde poderia ir a pé. Consegui-o, o que torna estas quinzena de férias particularmente bem sucedida. Arrisco-me a não conseguir aguentar a rentrée, apesar da energia que acumulei na Madeira bela. 

* título roubado a uma música cantada por Max: Noites da Madeira bela / De magia encanto sedutor / Com viçosas flores formosas

JdB   

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