Voltei aos bancos da faculdade 18 meses depois de lá ter saído - em Março de 2000, quando a expressão pandemia entrou no nosso léxico quotidiano. Apesar da alteração de rotinas (o café, diz o letreiro, está em Românicas e a utilização de máscara é desconfortável) gostei do regresso, das novas leituras, do convívio com outros alunos, da activação de neurónios que se quedaram dormentes e gordos neste ano e meio.
A perda da rotina académica teve um efeito nefasto em várias áreas da minha vida "mental": não tendo avançado com a tese de doutoramento, esta andou para trás: perdi criatividade, disciplina, memória, associações. Terei de recomeçar quase tudo do zero; por outro lado, a minha mente tornou-se mais mono-temática, pois suspendi uma certa expansão da mente que me advém de ouvir conversas que não têm a ver com as actividades mais diárias da minha vida - profissional ou de voluntariado.
Que seja um bom ano lectivo, é que o desejo a mim próprio, começando por tentar perceber o que deve ver-se ao perto e o que deve ver-se ao longe.
JdB
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Tópicos de Teoria Literária (Miguel Tamen)
Perto ou longe
Existe um debate recorrente nos estudos literários entre quem acha que as obras literárias devem ser examinadas de perto e quem acha que lê-las de perto é uma perda de tempo. Os primeiros defendem que os pormenores num poema ou num romance têm prioridade em relação a considerações gerais sobre a história, a sociedade ou a cultura; os segundos que os pormenores são sempre explicados por essas considerações gerais, e por isso são dispensáveis. Seguiremos o debate através de discussões recentes das noções de “close reading” e de “distant reading.” Cada participante terá de escrever um ensaio por semana.
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