13 julho 2022

Poemas dos dias que correm

Paredão do Estoril, 2 de Maio de 2022, 06.52h

Eu sei

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo. 

António Gedeão

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito boa síntese de Rómulo Vasco da Gama Carvalho. Na sua velhice, tinha uma grande mágoa pelos humanos. Conforme sua filha que sempre o acompanhou.
Abraço

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