OS PADRES
Os Padres são, hoje em dia, uma espécie de “bombos da festa”!
Tudo e toda a gente “malha” nos Padres, em letra maiúscula de propósito.
Começa, (sei lá bem onde começa?), pelos leigos, pelos paroquianos, passa pelos ditos católicos que não “vão” à Igreja e lhes dá jeito os problemas de alguns padres para não irem, (aqui com letra minúscula de propósito), pelos políticos, (é tão bom que falem dos outros e esqueçam a “porcaria” que fazem todos os dias), pelos ditos jornalistas, que de jornalistas nada têm, mas apenas de fazedores de suspeitas, de difamações, de manipulações, passa até pelos que cometem os terríveis pecados que alguns, poucos, padres cometem, porque assim ninguém olha para eles, enfim, é um nunca acabar de gente a criticar, a julgar, a condenar, os Padres, normalmente na praça pública.
Infelizmente, até na própria Igreja, mesmo aos mais altos níveis, os Padres são objecto e razão para permanentes críticas e admoestações, porque são clericalistas, porque são conservadores, porque são progressistas, porque isto, porque aquilo, esquecendo-se essa mesma hierarquia de, pelo menos de vez em quando, os presentear com o reconhecimento do trabalho feito em tanto lugar e tantas vezes em momentos e lugares tão difíceis.
Quem vive com os Padres no seu dia a dia, quem com eles colabora no intuito de servir a Deus, percebe como tantas vezes é injusta a maneira e o modo como os Padres são tratados.
Quem cuida de saber se estão cansados, se celebram mais Missas do que deviam, intercalando com funerais, baptizados, casamentos e “outras coisas mais”?
Se confessam e nada dizem, não valeu a pena a confissão. Se confessam e tentam dar conselhos e ajudar a encontrar caminho, são uns “chatos”, quando não uns convencidos que pensam saber mais do que os “confessados”!
Se nas homílias tentam dar testemunho das suas vidas servindo-se das Leituras e do Evangelho, é porque estão a falar de si próprios, se falam apenas da Palavra e A tentam explicar com mais profundidade, têm a mania que são “teólogos”, se sorriem, riem e estão bem dispostos, é porque não percebem a “dignidade” do que estão a fazer, se estão de cara séria e chamam a atenção para os erros que todos praticamos, têm a mania que são melhores do que os outros.
A lista é interminável, mesmo sem fim, e aplica-se sempre aos Padres que acabam por pagar pelos erros dos outros, padres como eles também.
Então isso quer dizer que não se deve dar atenção e conhecer e punir os actos vergonhosos de alguns padres?
Claro que não!
Tudo isso deve ser apurado até ao fim e com toda a força da lei canónica e civil, doa a quem doer, mas que envolva também todos os outros sectores da sociedade onde tal acontece também.
As outros, filhos de Deus também, mas que nEle não acreditam, é prova mais do que acabada que Deus não existe, que a Igreja é uma “fantochada”, e que tudo isso devia acabar de imediato.
No entanto, não são capazes de tomar a mesma atitude, por exemplo, perante a política, pois sabendo que há políticos corruptos, reconhecem que há bastantes que o não são.
Aqueles que se dizem cristãos católicos e se afastam da Igreja por causa do pecado gravíssimo de alguns padres, (bem poucos no universo geral), ainda não perceberam que a Igreja não são os Padres, somos nós todos reunidos em nome de Deus.
Àqueles que se sentem envergonhados pelo comportamento inaceitável e pecaminoso de certos padres, obrigado, porque são Igreja e sofrem com a Igreja que são.
O texto não teria fim porque, infelizmente, é muito vasto o assunto e exige de nós cristãos católicos muita oração pelos Padres e pelos padres que prevaricam gravemente, bem como pelas suas vítimas.
Eu, pessoalmente, dou graças a Deus pelos Padres, orgulho-me de conhecer e ser amigo de muitos deles e agradeço-lhes do fundo do coração a sua entrega, mais ainda nestes momentos tão difíceis em que seria bem mais fácil “abandonar a barca”, e sobretudo o dom de trazerem Deus nos Sacramentos ao povo que O adora e nEle sempre confia e espera.
Amemos os nossos Padres, por eles pedindo sempre e pedindo ao nosso Papa Francisco e aos nossos Bispos que os acarinhem e reconheçam a sua dedicação profunda, não os criticando tantas vezes como se fossem eles os “culpados” de tudo o que não corre tão bem na Igreja.
Só Deus sabe o seu enorme sacrifício, a sua persistência, perante tantos e tão variados ataques e incompreensões com que as suas vidas são escrutinadas, a maior parte das vezes apenas para dizer mal e interpretar falsamente os seus gestos e atitudes.
O texto é cáustico, muito, eu sei, mas dói-me profundamente que a enorme maioria de Padres que deram e dão a sua vida por Cristo, estejam num frenesim de ataques que toma sempre a “nuvem por Juno”.
A vós Padres todos que, humanamente, resistis às tentações, que reconheceis as vossas fraquezas, mas vos mantendes firmes na fé, ajudando-nos a vivê-la em Igreja por Cristo, com Cristo e em Cristo, OBRIGADO!
Rezo por vós e dou graças a Deus por todos e cada um que permanece fiel ao seu sacerdócio, tudo e só para a maior glória de Deus.
Marinha Grande, 6 de Agosto de 2022
Joaquim Mexia Alves
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Carta dos católicos aos Bispos e Padres de Portugal
Para: Bispos e Padres de Portugal
Nós, católicos de Portugal, profundamente entristecidos com as notícias dos abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, vimos manifestar, de todo o coração, a nossa gratidão a todos os sacerdotes que são fiéis à sua vocação, à imagem de Jesus, o Bom Pastor e, de modo silencioso e discreto, diariamente fazem o bem às nossas famílias e comunidades.
Obrigado pelo acompanhamento aos mais frágeis dos frágeis, nas paróquias, nas misericórdias, nos lares, nos orfanatos, nas capelanias hospitalares, nas prisões, nos centros sociais e nas inúmeras associações da Igreja que diariamente ajudam os mais necessitados, os mais excluídos da sociedade.
Obrigado pelo acompanhamento que dão às nossas famílias, todos os dias e em todas as etapas. Obrigado por nos terem preparado para o matrimónio e presidido à sua celebração.
Obrigado por batizarem os nossos Filhos, ajudando-os a despertar na Fé e acompanhando a catequese ao longo da sua infância e juventude. Obrigado pela presença alegre nos escuteiros, nos campos de férias, nas capelanias dos colégios e das universidades.
Obrigado pela presença amiga e consoladora junto dos nossos mais queridos nos momentos em que partem para o Pai. Obrigado por acompanharem a nossa dor nas missas de exéquias e nos funerais.
Obrigado por nos ouvirem no sacramento da reconciliação e por nos terem resgatado nos momentos de crise das nossas vidas. Obrigado por aquela homilia que nos transformou, por todas as vezes que rezaram por nós e pela Eucaristia que diariamente celebram em nossa intenção.
Obrigado pelos quilómetros percorridos para não falharem às povoações mais isoladas. Obrigado pela alegria com que festejam os acontecimentos das famílias e das comunidades cristãs. Obrigado por acolherem os que chegam e por festejarem o regresso dos que partiram.
Obrigado por se gastarem e cansarem para chegar a todos.
Sabemos que ser Padre não é fácil nos dias de hoje. Que alguns são tentados pelo maligno e sucumbem. Rezamos por esses, para que o seu coração se arrependa e sejam transformados pela misericórdia do Senhor. Rezamos pelas suas vítimas, para que o mal que lhes foi feito seja compensado em abundância de amor.
Sabemos que a grande maioria de vós permanecem fiéis ao sacerdócio e à vocação. São para nós testemunho de entrega aos outros e imagem de Cristo. Damos graças pelo dom do vosso sacerdócio, que nos interpela e aponta o Céu.
Contem connosco e com as nossas orações. Sabemos que contamos sempre com as vossas.
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