Tenho algures, cá por casa, umas pequenas folhas de papel que constituem uma espécie de crónica de viagem em formato interrail. Datam, talvez, de 1982. Infelizmente perdi-lhes o rasto, mas, mais do que saber o que lá está em detalhe, sei o tipo de informações que lá está: sensações, descrições, opiniões, principais actividades durante os dias. Para além de saber onde estava no dia X, sei o que achava sobre o sítio onde estava no dia X. São folhinhas curtas, pequenas, quase telegráficas. Mas revelam opiniões, nomeadamente que Munique não me entusiasmou.
Há uns meses, o JdC almoçou comigo. Falámos de viagens de passado, de histórias, e ele cedeu-me a sua crónica de viagem sobre a nossa ida (juntamente com o fq) a Nova Iorque, em Agosto de 1981. Não me lembro de alguma vez ter visto este relato de uma viagem, pelo que não fui influenciado pelo estilo.
A crónica de JdC, escrita numa caligrafia que se manteve igual ao longo de décadas, refere-se a uma estadia de 16 dias (não me lembrava de ter sido tão longa - 24 de Agosto a 8 de Setembro) e ocupa o equivalente a uma página A4. Reproduzo o que se refere ao dia 25 de Agosto para ilustrar o argumento:
- Pequeno almoço no Squires
- Almoço no McDonald's
- Passeio e visita ao Macy's
- Jantar na Cabana Carioca.
As outras 15 entradas são basicamente iguais. Há uma referência com um teor diferente, mas que não foge do registo informação, ambas do dia 4 de Setembro.:
- João meteu conversa com uma sueca.
Podemos ler o meu registo de viagem e o registo de viagem do JdC. Tínhamos basicamente a mesma idade quando escrevemos as nossas crónicas, pelo que não há a influência da escola da vida, e não tínhamos experiência de escrita para desenvolver um estilo próprio. Não sei se há diferença na forma como ambos olhámos para o Central Park, para o Rockefeller Center ou para o MOMA. Talvez a diferença seja na forma como nos referimos àquilo que vimos. Ou talvez não, sei lá eu...
JdB
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