07 novembro 2023

Poemas dos dias que correm

A química do cérebro 

A química do cérebro é cruel,
ao desdobrar-se em espaços de pensar,
microscópicas teias de sentir

E devia ser só robótico painel:
capaz de funcionar logicamente,
reagir à tristeza emitindo sinais,

sedosos bips de intensidade igual.
A química do cérebro é cruel
ao misturar as certezas pensadas

a notas de ternura musicais.
Devia ser capaz de ignorar a dor,
bloquear a angústia em cantos sem lembrar,

amarrar o amor a postes de neurónios
e deixa-lo morrer, esquecido e só.
E depois exultar com a vitória:

o calcanhar bem firme na serpente,
a técnica em ardente e claro ceptro.

Ana Luísa Amaral

Sem comentários:

Acerca de mim

Arquivo do blogue