Não se tinha mexido (o coração aos saltos conta?).
Disfarçou a voz presa na garganta: “- nem respirei” e levantou os olhos numa força.
A ideia era parar a vida numa cara feliz. Tango suspenso no momento de cair. Fotografia é para isso que serve. Para parar.
E para recuar, não dava?
Tomara um abraço sem explicações, tomara sacudir os dias soltando os desencontros. Ajeitar a verdade e deixar-se mergulhar devagar, desfiando os momentos bons. Tantos momentos bons…
Éramos assim? Tinha sido assim?
Quis dizer-lhe que o fim também se engana, mas saiu-lhe só:
“-Como é que ficou? Assim, assim?”
Espreitou a má escolha do vestido, as cores fortes e aquelas bolas pequenas azuis perdidas e a espalharem-se por todo o lado. Tinha ficado a rir e com a vida toda à volta, naquela porcaria de barulho que esvaziava tudo.
Conseguiu fintar o que ele ia dizer.
Ganhou um tempo e um vento que lhe voou pela cara.
“- Olha, fiquei a rir.”
JCN
As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
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4 comentários:
JCN, brilhante esta fotografia ! Não sei porquê, veio-me à memória aqueles fotógrafos antigos que andavam pelas praias com umas máquinas de tripé, enormes, e uns panos pretos na cabeça. Nunca percebi bem para que serviam esses panos. Seria uma câmara escura ?
Olhe, eu cá só lhe digo uma coisa: NUNCA QUERO CONHECÊ-LO, ouviu????
(que perigo!!!)
rita ferro (esqueci-me de assinar, LOL)
Grande retrato falado! Parabéns.
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