29 outubro 2009

Deixa-me rir...

Ainda rabisquei um texto para acompanhar a minha escolha desta semana. Imaginei uma carta escrita por uma mãe totalmente desesperada que tenta, pela 57ª vez (seria a 57ª carta), recuperar uma filha da inevitável degradação provocada pelo consumo das drogas. Imaginei uma carta pungente, um amor derramado em palavras feitas de dor e de coragem, de perdão e de desespero, de apelo à razoabilidade e de orgulho desmedido por um talento e um carisma inegáveis. Imaginei-me a mãe da Amy Winehouse, a minha escolha desta semana. Mas depois pensei: uma carta desesperada? Mas quem é que quer ler isso? Uma carta duma mãe? Mas eu nem sou mãe! E que sei eu da vida da Amy, para dar algum substrato, alguma consistência a um texto que se pretende minimamente interessante? Pouco ou nada, só as patetices da imprensa sensacionalista ou da televisão … não! Decididamente não escrevo nenhuma carta. Ia ficar uma coisa muito lamechas, muito parvinha…

Não quero nada disso para a minha “convidada”, passo a presunção da expressão, desta semana. De quem sou fã absoluta. Lamento profundamente o caminho que tem seguido. Não acredito que seja feliz e que faça feliz quem a rodeia. Mas a vida tem destas coisas e que sei eu, ou quem sou eu, para a julgar, condenar, criticar, apontar o dedo? Gostava muito que se recuperasse, isso gostava. Sei que o mundo ficava a ganhar. Não acham?






PS1: como hoje escrevi pouco, resolvi incluir dois vídeos. Um mais clássico, mais puro, mais jazz, que exemplifica na perfeição, a meu ver, o tremendo talento da minha “convidada”. No outro, vemos uma Amy mais motown/blues/soul (não sei se estou a definir bem…), com um look muito mais cool, a interpretar um famoso original do Marvin Gaye. De realçar o belíssimo acompanhamento musical da Jools & His Rhythm and Blues Orchestra.

PS2: para me decidir por estes dois vídeos, tive de ver vários (no YouTube), como é óbvio. E tive a MAIOR dificuldade em escolher os que vos queria apresentar. Aconselho-vos a fazer uma pesquisa para a conhecerem melhor…

Confesso que a acho o fim do mundo!

pcp

13 comentários:

Anónimo disse...

pcp,

Bom princípio, se toda a gente pensasse assim, antes de julgar seja quem for, o Mundo seria melhor.

O que sei eu da vida do meu vizinho da frente , ou até mesmo dos meus irmãos, pois cada um é um Universo.

Por vezes basta perguntar, precisas de alguma coisa? eu tou aqui para te ajudar....

E esta pergunta só se pode fazer se nos apercebermos, que algo vai mal, pois aconteceu recente comigo um caso bizarro.

Reecontrei uma Amiga de à muitos anos, que a vida fez o favor de nos separar.

Este reencontro foi lindo, mas quando eu fiz a eterna pergunta, então o que foi a tua vida estes anos todos, a resposta foi dura e amarga.

Disse-me que tinha pensado muito em mim para a ajudar , mas como estava prisioneira do marido no Porto, não conseguia pedir ajuda a ninguém, para a libertar e regressar a Lisboa para junto dos Pais, Irmãos e amigos.

Ela sofreu durante anos ameaças de morte e violência doméstica grave.

E eu não fiz nada.... eu não sabia.

Sou Mãe teria feito tudo para a ajudar.

Anónimo disse...

Quem é esta mulher,anoréctica,quase um canivete, com cara de cavalo, que se expõe de forma insuportável e que de forma igualmente insuportável nos comove e não nos deixa indiferente?

Será que a dedicação, o esforço para a conquista do outro (sensibilidade)MATA?
Será que precisamos de nos comover com as figuras sacrificiadas dos outros para nos sentirmos bem, inteiros, saudáveis?

felpo disse...

Na tourada o rito parece ser mais claro e saudável.

DaLheGas disse...

Obrigada pêxêpê. Da Wine, desculpem-me a rima fácil: de pedrada em pedrada sobe a íngreme calçada e num dia muito belo vai construir o seu castelo :)

Anónimo disse...

Fico novamente deu devedor. Até hoje não supunha que a Amy Whinehouse fosse para mocinhos da minha idade e menos ainda que ela cantasse soul!

Estás a escrever lindamente. Fiquei cheio de pena que não te tenhas deixado levar pelo impulso de elaborar a maternal carta. Da próxima vez não atiçes. É maldade.

j.

Mike disse...

Escreveu pouco, mas escreveu bem e postou ainda melhor. Opiniões aparte, eu gosto da música postada.

Anónimo disse...

Obrigada a todos pelos vossos comentários entre o jocoso, o sério, o divertido, o reconfortante ... much appreciated! pcp

Philip disse...

pcp, good choice. I love her Back to Black album, I love her directness in her autobiographical lyrics. There is a special edition of the album which includes an acoustic version (Amy on solo guitar) of another classic song, To Know Him Is To Love Him, in spite of all her marital problems... po

Anónimo disse...

Excelente música. Obg.!
fq

Anónimo disse...

Wow! já gostava muito dela mas conhecer a sua interpretação destes dois clássicos foi uma surpresa...do melhor...pena só que no segundo tenhamos de ouvir o Paul Weller a dar cabo da música.B
deA

Anónimo disse...

Wow! já gostava muito dela mas conhecer a sua interpretação destes dois clássicos foi uma surpresa...do melhor...pena só que no segundo tenhamos de ouvir o Paul Weller a dar cabo da música.B
deA

Anónimo disse...

PO, fq and deA, thanks for your comments. Yes, PO, I know the Back to Black album. And it is fantastic. But I wanted to show something a bit different. Does Paul Weller really kill the song, deA? I don't think so. Anyway, she is obviously the star and I wanted to give her all the stardom!!! Thanks to you, fq, for the support. pcp

Anónimo disse...

Pcp, o paul weller mata a canção não porque tecnicamente tenha falhado, mas porque o seu estilo de interpretação retira tudo do especial que ela tem, as palavras ficaram mas o resto desapareceu... a vibração, a alma evaporaram-se - já a Amy acrescentou... o que parecia impossivel dado o génio do Marvin G..bdeA

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