14 maio 2010

romy schneider pour alain delon

tu que olhas para mim,
eu que olho para ti,
o instante em que nos cruzamos
contra as leis do tempo e da probabilidade,
este rectângulo digital,
o oráculo que resta em tempo de deuses descrentes
.

um imenso adeus, uma e outra e outra e uma vez.
e, contudo,
esse olhar teu em mim
e este olhar meu em ti,
faísca frenética,
metafísica amorosa ao final da tarde que finda,
amor fundo que se afunda
constelação que se apaga.

nenhuma beleza se mede
por possibilidades ou lucros imediatos
- antes pela louca certeza
de que somos absolutamente possíveis,
como este nosso amor
entre quem morreu há décadas, tu,
e quem vive quase morto, este metafórico e sulfúrico eu,
que ainda sou.


gi.

2 comentários:

Ana CC disse...

Gi,
Se não fosse o quase morto sulfúrico que nos remete para a atmosfera sulfurosa do demo, até acreditava nesse olhar e nesse amor.Tente retirar essa visão agoniada e demoníaca das relações amorosas que talvez surjam mais flores.
Gosto sempre de o ler

Anónimo disse...

O poeta pede-me para lhe dizer que transmitirá ao senhor Alain Delon as suas palavras ;-).
E, claro, agradece muito as flores.
Flores também para si,

gi.

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