Num recente relatório do PNUD 2010 foram conhecidos os actuais níveis de desenvolvimento humano de 135 países.
Ao ler e observar o relatório, a primeira coisa que empolou o meu pensamento foi, não o ordenamento classificativo do documento (diga-se a verdade, em nada surpreendeu), mas o facto de todos as declarações da extrema esquerda, adeptas de estados-papão que em tudo interferem e tudo consomem, estarem completamente deslocadas da realidade. Declarações essas que tentam incutir nas populações a ideia de que o estado deveria ser dono e patrono de todos, que a todos pode providenciar os diversos serviços e todos pode assistir socorrendo-se de um abundante poço sem limite que, existindo, estaria na posse de meia-dúzia de capitalistas e especuladores.
Veja-se o caso dos três primeiros classificados da lista: Noruega, Austrália e Nova Zelândia. O que têm em comum? Regime monárquico. Segundo o sindicalismo ortodoxo e o marxismo utópico, a monarquia é um regime assente em direitos de nascimento para uns e opressão e exploração para outros. Na verdade, o relatório das nações unidas demonstra que a humanização dos povos não está conectada com Reis ou Presidentes. Está associado à democracia representativa, ao respeito pelos direitos humanos, à liberdade de escolha e à livre iniciativa. Encarando a Noruega como um caso à parte, que além de um sustentável Estado-providência dispõe de uma, até hoje, inesgotável extracção e produção de petróleo do Mar do Norte, Austrália e Nova Zelândia, não se podendo recorrer de nenhum recurso mineral de particular relevância, são Estados liberais, amplamente democráticos, em que a liberdade de escolha e o respeito pela propriedade privada são direitos inabaláveis.
O último da lista é o Zimbabwe. É bom recordar os elogios de que foi alvo, nos anos 80, Robert Mugabe pela vaga de nacionalizações e expropriações que desencadeou. Em 2010 verifica-se que essa política conduziu a antiga Rodésia à cauda do mundo relativamente ao Índice de Desenvolvimento Humano e a uma inflação de 250.000.000% nos últimos 4 anos. Para se ter a noção: recentemente foi injectada na economia a nova nota de 1 trilião de dólar do Zimbabwe que, ao câmbio actual, corresponde a uns míseros 20 euros.
Continuando a deambulação pelo documento, salta à vista a classificação das antigas repúblicas soviéticas. De todos os países de leste que lograram a independência no processo de 1989/1991, os únicos que apresentam resultados descendentes e insatisfatórios são: Federação Russa, Ucrânia e Bielorussia.
Federação Russa: depois de uma aparente abertura e democratização desencadeada a meias por Gorbatchev e Boris Iéltsin, foi à 10 anos tomada por um ditador e opressor chamado Vladimir Putin.
Ucrânia: Enquanto Putin mandar no Kremlin e detiver o poder de fechar a torneira de gás ao povo ucraniano, será muito complicado eleger um governo democrático de matriz ocidental em Kiev.
Bielorussia: desde 1994 governada sob o cunho ditatorial de Alexander Lukashenko.
Destaque para os três países bálticos que obtiveram um verdadeiro milagre de crescimento económico e humano.
Nota: não seria intelectualmente honesto ignorar o impressionante crescimento que se deu na China. Apesar de estar a anos-luz da democracia e do pleno respeito pelos direitos humanos, desde as reformas de Deng Xiaoping, centenas de milhões de chineses passaram da extrema pobreza para a classe média consumidora.
Pedro Castelo Branco
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