como aquele marinheiro que perdeu as graças do mar,
dedicava-se a garimpar estrelas esquecidas, baús remotos, cristais empoeirados
que enviava pelo correio, para as suas amigas mais queridas.
do cimento brotavam flores incandescentes
(ou eram seus olhos?)
e todas as manhãs eram agora manhã de santo antónio,
movidas a neblina e álcool, comprimidos, sonhos queimados,
rostos difusos, debruados a negro.
‘absinto muito’, dizia ao espelho, de si para si,
mas não falava da fatal bebida,
antes dessa forma absoluta de sentir
e das saudades que sentia já
(vidros rasgando pulsos?)
das horas perdidas entre pernas e braços juvenis e feminis,
quando jurava que o mundo era, outra vez, um lugar encantado.
(people they ain't no good - em fundo baço).
e um poema saíu-lhe das esventradas veias,
mostrando que a poesia - como o amor das raparigas -
é coisa com vida própria e que não raro o deixa à porta,
mesmo quando é do lado de dentro que ele está.
gi.
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