16 agosto 2012

Moleskine

Férias. Passei/passámos uma semana de férias em Soltróia, na companhia de amigos antigos e mais recentes. Tivemos sorte com o tempo, o que nos permitiu sair da praia todos os dias por volta das 20.00h. Um pôr do sol luxuoso! Numa das noites desafiaram-me para um evento: ir à Comporta ver/ouvir o tributo aos Rolling Stones. Se por vezes dou a opinião sem ma pedirem, porque não a daria quando o pedem? Vou pagar caro (e de facto era...) para ver uns tipos imitarem uma música que eu detesto. A parte da frase que menciona o detesto é menos bem aceite, porque os Rolling Stones são um ícone, também, da gente da minha idade. Logo aparece uma rapaziada sabedora que me fala nesta e naquela música, nesta e naquela interpretação. Eu, a bem dizer, lembro-me do Angie e do Ruby Tuesday - mas cantado pela Melanie... 



Acabei por ir ao tributo - e sem grande sacrifício. Afinal, a generalidade dos homens foram relativamente contrafeitos, o que significa que estão mais lúcidos ou mais maçadores do que as mulheres. O espectáculo foi uma experiência sociológica interessante. Como diz, inteligentemente, o meu querido amigo ATM, faz alguma confusão ver duas gerações em agitação frenética com a mesma música. Havia gente de 18 anos, havia gente de 68. Há um frenesim comum para uma diferença de 50 anos? Ou há, apenas, uma necessidade da gente mais idosa se mexer para revelar uma juventude que já não tem, para exibir uma felicidade que a vida matou? Sou um estranho: dançar é, para mim, uma manifestação de afecto, não uma necessidade de movimento.

Encontros. Quinze minutos antes do telejornal das 13 horas (3ª feira) sento-me a ver a TVI. Goucha entrevista uma rapariga abaixo dos 40 anos, que não vê o pai há 30. Fala-se em abandono,  em não querer saber, na infelicidade da mãe que morreu por essa altura. Uma câmara, fugitiva, filma o pai - o tal que não quis saber - sentado numa cadeira com um fatinho de ver a Deus. Uma cunhada do dito, na plateia, é crítica, dizendo que ele era do Porto... Goucha ameniza tudo. Por fim, com muito menos impacto do que o saudoso programa do Henrique Mendes, o pai que abandonou três filhos há 30 anos aparece e beija a filha que decidiu procurá-lo. Não há lágrimas, não há abraços - há apenas um beijo, como quem beija uma colega de programa. Como é que se volta a ser filha de um pai que nos abandona? E que raio de sítio é este para se reatar uma relação? E será que conseguem, desta forma, só à custa de 15 minutos de fama e com uma capacidade de perdão que desconhecemos? Sabendo-se que o homem era do Porto...

Fotografias dos dias que correm. É isto que o meu iphone vê por volta das 7 da manhã, no paredão do Estoril.



JdB        

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