Lembras-te? Naquele Verão em que era Inverno. Lembras-te? Os carros passavam por nós e os seus condutores ora zombavam, ora viravam a cara, ora faziam esgares de mal-escondida inveja. Lembras-te? Os vidros embaciados, denunciando-nos. Lembras-te? O medo de sermos apanhados. Lembras-te? O Verão florescendo em pleno Inverno. Lembras-te? Os dias longos, os relógios suspensos, as mãos desassossegadas, os corpos em colapso. Lembras-te? Hoje, lembro-te. És talvez a flor que cresce imperial em frente ao banco de jardim onde sózinho me sento. Desse Verão, não tardará, já só ela, a flor, se lembrará. Eu e tu, finalmente grãos de poeira, fundidos num abraço cósmico, rumo ao sol que em tempos nos prometêramos.
gi.
1 comentário:
...haverá coisa mais bonita, do que 'grãos de poeira, fundidos num abraço cósmico', rumo ao sol?
ah gi, continua a ser, um outro verão
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