11 março 2014

Duas Últimas (de um mestrando tardio)

Ler Santo Agostinho não é ler apenas a incompletude de uma alma transbordante de amor a Deus. Ler Santo Agostinho é ler a métrica das frases, as inúmeras figuras de estilo de cuja existência desconhecia por completo (alguém sabe o que é um quiasmo ou um polissíndeto?) o ritmo, as contradições, as rimas. Ler as Confissões é ler o reconhecimento do erro, o reconhecimento da grandeza de Deus, a profissão de fé, porque confessio (a palavra latina) significa tudo isso - confessio culpae, confessio laudis, confessio fidei.  Ler Santo Agostinho é ler muito mais do que consigo abarcar - o mestre da retórica, o doutor da Igreja, o homem devotado a um percurso interior de busca do summum bonum.


Hoje é dia de música, e questiono-me que tipo de melodia se conjugará melhor com a beleza do texto acima. Sei que alguns fiéis leitores tentarão fuzilar-me, acusando-me de neurose obsessiva, de tristeza fácil, de neurastenia viral, de melancolia inútil. Mas pareceu-me que Wagner, e o prelúdio ao primeiro acto de Tristão e Isolda, caíam bem aqui. 

Termino citando o bispo de Hipona: o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti

JdB
  

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