Voámos e continuamos a voar em contramão. Há demasiado
tempo. Em longo “Interregno”, como diria um amigo meu.
Os acidentes de percurso são conhecidos e os resultados
a que se chegou também: a independência nacional diminuída, a troco de alguns
milhares de milhões que foram chegando e desaparecendo sem mudar decisivamente
o País, por incompetência, falta de seriedade ou outro motivo qualquer. Nos
últimos tempos, a intervenção da troika para nos salvar da falência certa que
nos estava prestes a ser servida.
A agora tão proclamada “ética republicana” não resolveu
os problemas, nem os poderia resolver. O “conjunto de valores morais e
princípios que norteiam a conduta humana, individual ou colectiva, na
sociedade” não se vislumbra nesta república dos casos e mais casos. É precisa
grande dose de desfaçatez para invocar a “ética” nesta barafunda. E a palavra
“republicana” está manifestamente a mais….
O problema é de representação política. Que nos tempos
actuais sentimos estar cada vez mais distante dos cidadãos, das famílias. O
regime construiu-se e blindou-se a ele próprio, proibindo alternativas. Defendido
à prova de bala pela preciosa Constituição de 76.
Os valores permanentes precisam de instituições perenes,
não de políticas do momento. Precisam do exemplo agregador. Caso contrário
tenderão a desaparecer, e imperará o relativismo a respeito de tudo e mais
alguma coisa, do principal ao acessório. Até que outros venham pôr ordem na
casa. Porque virão, se não mudarmos. Será uma questão de tempo.
Espero que apreciem, se não o texto, ao menos a música.
fq
2 comentários:
Excelente manifesto político que apreciei, confesso, mais do que a música. A qualidade do conjunto é, como sempre inigualável.
O texto, porque é ressonância de sentimentos que não se revêem na indignidade e indecência a que este país, retalhado tem sido vendido a retalho incluindo os seus cidadãos, sob os todos os pontos de vista.
A música, pq no contexto actual, só a arte ainda denuncia a imoralidade, a anomia e a desumanização social.
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