As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
31 maio 2021
Duas Últimas *
30 maio 2021
Solenidade da Santíssima Trindade
EVANGELHO - Mt 28,16-20
Naquele tempo, os onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara.
Quando O viram, adoraram-n'O;
mas alguns ainda duvidaram.
Jesus aproximou-Se e disse-lhes:
«Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e fazei discípulos de todas as nações,
baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei.
Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
28 maio 2021
Das iniquidades
O filho gémeo de Frederico e Maria C. foi diagnosticado com retinoblastoma bilateral com 1 ano e 4 meses de idade. Foi encaminhado para o Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo, África do Sul [a mais de 2.000 quilómetros de casa] para tratamento especializado e, no primeiro ano, o casal teve de vender os seus dois carros, Maria perdeu 2 empregos e tiveram de pedir um empréstimo ao banco para pagar o tratamento do seu filho. O alojamento mais barato que Frederico pôde encontrar na África do Sul, e que era acessível, foi em Kraaifontein - a cerca de 40 quilómetros do hospital. Tinha de pagar R1400 [83€] por uma viagem de taxi para o hospital. Numa das suas visitas já só tinha dinheiro para ir à África do Sul, e foi então que o Prof. Marc Hendricks o apresentou à CHOC [organização sul-africana de apoio a crianças com cancro]. A CHOC foi buscar Frederico e o filho no aeroporto, deu-lhe alojamento e transportou-o de e para o hospital; Frederico afirmou que a CHOC lhe salvara a vida, e que nunca poderia agradecer o suficiente o apoio que recebera. Infelizmente, a 7 de abril de 2021, após quatro anos de tratamento, o seu filho morria, tendo deixado o casal num luto profundo. Frederico explicou que, na sua sua cultura, o homem tem de ser forte e não pode chorar e, para sobreviver à dor, fundou a APACC [associação moçambicana de apoio às crianças com cancro]. Quer garantir que nenhum pai sofrerá tanto como ele, e o seu objectivo é aplicar em Moçambique tudo o que aprendeu com a CHOC.
O texto acima faz parte de um relatório elaborado aquando de uma visita da CHOC a Moçambique, e que me foi enviado. O texto e a história que está por trás têm peso suficiente para que nada mais se justificasse acrescentar. Conheci brevemente e virtualmente o Frederico, numa altura inicial de formação da APACC, que a Acreditar se propôs ajudar. Ler o que foi a vida destes pais tocou-me muito, e fez-me reforçar a necessidade de existência da Childhood Cancer International: a redução das iniquidades no mundo, a importância de manter o tema da oncologia pediátrico na agenda global, a obrigação de olharmos para as tragédias por que passam, ainda, tantos fredericos no mundo.
JdB
27 maio 2021
Poemas dos dias que correm
No Meio do Caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Carlos Drummond de Andrade
26 maio 2021
Vai um gin do Peter’s ?
DUETOS IMPROVÁVEIS E PERFEITOS
Quando Elvis morreu, prematuramente aos 42 anos, a filha – Lisa Marie Presley – ainda só tinha nove anos. Apesar de ser tão nova, apanhou muito do jeito musical do pai, em timbre grave, e seguiu igualmente uma carreira artística atribulada, onde terá pesado a aura paterna e a riqueza colossal que herdara. A vida também lhe saiu em turbilhão. Dos 4 maridos, um foi o pouco equilibrado Mickael Jackson. Nenhum dos 4 filhos adoptou o mítico apelido Presley. E o ano passado, um deles suicidou-se, apenas com 27 anos.
A ascensão meteórica de Elvis convertera-o em símbolo vivo do American Dream, terra de oportunidades, ideal para os talentosos florescerem. O rocker ainda acrescentava mais salero, insistindo numa ascendência índia (não confirmada nos estudos genealógicos), da tribo cherokee, a que pertenceria a tetravó, poeticamente chamada de Pomba Branca da Manhã. Nascido e criado num meio pobre, próximo do marginal (o pai estivera preso), ascendera a magnata num ápice. Como cantor, detinha recordes de audiências televisivas pelas quatro partidas do mundo. A par do estrelato, cedera aos vícios e aos excessos, além de se tornar um alvo incansável dos paparazzi e dos repórteres intrusivos. A sua morte repentina (nem essa poupada a fotografias indiscretas), mais tarde atribuída à extrema debilidade provocada pelas drogas, pôs a nação de luto e mereceu um elogio fúnebre do próprio Presidente Jimmy Carter. Claro que o título de rei do rock fixou-se-lhe para sempre.
O êxito não provinha apenas do seu magnetismo, da sua vitalidade, das coreografias ousadas e festivas. Possuía o dom maior e raro de uma voz poderosa, quente e cristalina, comprovado nas gravações mais antigas. Daí que a era digital lhe tenha sido tão favorável, prolongando a sua arte até aos nossos dias.
Precisamente, ‘surfando’ as novas oportunidades do digital, várias cantoras pop lançaram-se em duetos com os registos de voz e de imagem do rei, que lhe tinham escancarado o acesso aos mais prestigiados Halls de fama, nos Estados Unidos.
Em 2008, a craque da música country Martina McBride gravou um dueto muito bem sincronizado com Elvis, parecendo contemporâneos. Talvez não tivesse corrido melhor numa gravação em simultâneo. A impossibilidade do encontro ao vivo está na distância temporal entre ambos, que se traduziu num hiato de 40 anos entre uma performance e outra. O artista gravara em 1968, com 33 anos de idade, quando Martina contava dois anos apenas. Aliás, ele morreu quando ela chegou aos 11. Curiosamente, em termos de idade, é ele o mais novo do par, pois a cantora já passava bem dos 40. Mas nada destes desencontros de datas atrapalhou a interpretação da música de Natal preferida do rocker – «Blue Christmas», aqui numa versão especialmente doce e aconchegante:
Lisa em bebé, com os pais, Priscilla e Elvis. A cobertura fotográfica aos seus primeiros anos de vida percorreu mundo. |
Uma filha já crescida, que o pai não chegou a conhecer. |
25 maio 2021
Da dança como conhecimento
Luciano de Samósata (Samósata, 125 - Alexandria, 181) terá dito da dança (e traduzo livremente):
É o cume de todo o conhecimento, superior, mesmo, à filosofia.
Friedrich Nietzsche, por seu lado, afirmou que:
Só acreditarei num deus que saiba dançar.
A afirmação de que a dança não é apenas um caminho para o conhecimento, mas que constitui um tipo de conhecimento, superior, mesmo, ao conhecimento trazido pela filosofia, é uma afirmação séria - e interessante. Considerar que a dança, movimento organizado, é superior à ética, é desafiante. Significa duas coisas: ou que se dança pior do que se dançava há 2000 anos, ou que se sabe tanto (ou mesmo mais) do que se sabia há 2000 anos. Sabemos mais ou menos do que sabíamos há 2000 anos?
Porque dançam as pessoas?
Para fazer a vontade a quem as desafia para tal;
como entretém - afectivo ou não;
como expurgação de demónios internos;
como repetição de movimentos ancestrais e tribais.
Conseguimos que estes quatro motivos se entrecruzem com o conhecimento?
JdB
24 maio 2021
Duas Últimas *
23 maio 2021
Solenidade do Pentecostes
EVANGELHO - Jo 20,19-23
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas da casa
onde os discípulos se encontravam,
com medo dos judeus,
veio Jesus, colocou Se no meio deles e disse lhes:
«A paz esteja convosco».
Dito isto, mostrou lhes as mãos e o lado.
Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor.
Jesus disse lhes de novo:
«A paz esteja convosco.
Assim como o Pai Me enviou,
também Eu vos envio a vós».
Dito isto, soprou sobre eles e disse lhes:
«Recebei o Espírito Santo:
àqueles a quem perdoardes os pecados ser lhes ão perdoados;
e àqueles a quem os retiverdes serão retidos».
21 maio 2021
Poemas dos dias que correm
Singra o navio
20 maio 2021
Da pequena burguesia intelectual
Foi numa aula desta semana que apanhei a ideia de "pequena burguesia intelectual". Não sei quem cunhou a expressão e se, de facto, foi cunhada por alguém. Do que falamos? Em muito bom rigor, de uma fuga deliberada ao mainstream, isto é, uma certa proibição de referir o óbvio, o conhecido, o consensual ou o aceite, numa determinada área da vida.
Eu exemplifico: num jantar alargada há alguém que pergunta a alguém: quem é o teu cantor de ópera favorito? Grande parte das pessoas referirá Pavarotti, Placido Domingo - até mesmo José Carreras, num registo mais exigente. Num jantar da pequena burguesia intelectual estes nomes suscitam refluxos gástricos, ares de enfado, gestos de descontentamento, porque são nomes que fazem parte do mainstream, do que é óbvio ou consensual. O pequeno burguês intelectual refere Giovanni Bragantini, um tenor que nunca passou de Vicenza, mas que se destacou numa produção alternativa de Romeu e Julieta - em que fez de Julieta, por causa da ideologia de género. Giovanni Bragantini é o lince ibérico do pequeno burguês intelectual, o seu nicho particular, o nome que ele cita elevando os olhos a um céu em que não acredita, só para épater le bourgeois. Um nome que ele conhece porque se perdeu em Vicenza à procura de uma pizza com ananás e se confrontou com um espectáculo gratuito.
Há em mim uma espécie de pequeno burguês intelectual numa versão melhorada - até porque não gosto de pizza, menos ainda com ananás. Se perguntarem às pessoas da minha geração o que ouviam há 45 ou 50 anos, todos referirão os pavarottis daquele tempo: Genesis, Pink Floyd, Beatles, Bob Dylan. Ser-se da pequena burguesia intelectual é dizer que se ouvia (também) Júlia Barroso ou Maria de Fátima Bravo, que são (também) o meu Bragantini de Vicenza - mas em melhor.
JdB
19 maio 2021
Textos dos dias que correm
Que Preceitos Ministrar com o Nosso Semelhante?
Passemos a outra questão: o modo de tratarmos com o nosso semelhante. Como devemos agir, que preceitos ministrar? Que não derramemos sangue humano? Ao nosso semelhante devemos fazer o bem: aconselhar a não lhe fazer mal, que ridículo! Até parece que encontrar algum homem que não seja uma fera para os outros já é coisa merecedora de encómios... Vamos aconselhar a que se estenda a mão ao náufrago, se indique o caminho a quem anda perdido, se divida o pão com o esfomeado? Mas para que hei-de eu enumerar todos os actos que devemos ou não devemos praticar quando posso numa só frase resumir todos os nossos deveres para com os outros? Tudo quanto vês, este espaço em que se contém o divino e o humano, é uno, e nós não somos senão os membros de um vasto corpo. A natureza gerou-nos como uma só família, pois nos criou da mesma matéria e nos dará o mesmo destino; a natureza faz-nos sentir amor uns pelos outros, e aponta-nos a vida em sociedade. A natureza determinou tudo quanto é lícito e justo; pela própria lei da natureza, é mais terrível fazer o mal do que sofrê-lo; em obediência à natureza, as nossas mãos devem estar prontas a auxiliar quem delas necessite. Devemos ter gravado na alma, e sempre na ponta da língua, o verso famoso: "sou homem, tudo quanto é humano me concerne!" (Terêncio). Possuamos tudo em comunidade, uma vez que como comunidade fomos gerados. A sociedade humana assemelha-se em tudo a um arco abobadado: as pedras que, sozinhas, cairiam, sustentam-se mutuamente, e assim conseguem manter-se firmes!
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
18 maio 2021
17 maio 2021
Poemas dos dias que correm *
Vale a pena investir 10 minutos a ler este poema (sim, é um poema). Não só porque no segundo verso o autor aconselha a que não se dêem conselhos (e dá-os constantemente) mas porque alguns conselhos variam entre o curioso (use uma variedade específica de Colgate) e o sábio (por exemplo, a necessidade de se perceber que o perfeccionismo pode ser um desejo de ser-se amado(a) ou não se morrer), passando pelo óbvio (não pratique canibalismo). Há muito mais do que apenas uma lista extensa de conselhos. Vale a pena ler, afianço-vos.
JdB
***
How to Be Perfect
Everything is perfect, dear friend.
—KEROUAC
16 maio 2021
Solenidade da Ascensão do Senhor
EVANGELHO - Mc 16,15-20
Naquele tempo,
Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome;
falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles,
confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.
14 maio 2021
Duas Últimas *
“Não faz mal não estar bem
Querer um ombro para te consolar
Não faz mal querer chorar
Ou fingir que amanhã te vai voltar
Se num abraço quiseres cair
Eu vou cá estar para te agarrar
Que no meu colo cabes sem pedir
Não faz mal não estar bem
Seja ele quem for não é ninguém
Não faz mal se doer
Há alguém bem melhor a conhecer
Não faz mal não estar bem
Se num abraço quiseres cair
Eu vou cá estar para te agarrar
Promete que amanhã tentas sorrir
Prometo que amanhã vou estar aqui
Não faz mal não estar bem”
---------
* enviado por mão amiga
13 maio 2021
Poemas conceptuais
Estava eu no meu primeiro do liceu quando o país quis explicar às crianças o que só se explicava aos universitários: a teoria dos conjuntos, com o seu conjunto intersecção, conjunto união, conjunto vazio, etc. Vem daí a ideia do diagrama de Venn.
Este poema conceptual de Brian Bilston (sim, é considerado um poema) é um exercício interessante. Eu explico as várias fases da leitura: leia-se o que diz ele: teremos de ler o conjunto him mais o conjunto intersecção him e her. Leia-se o que diz ela: teremos de ler o conjunto intersecção him e her e o conjunto her. A chave dramática do poema, no entanto, está na leitura do conjunto intersecção him e her, apenas.
JdB
12 maio 2021
Vai um gin do Peter’s ?
VIAGEM AO ESPLENDOR DO PASSADO
Através do digital, tem sido possível viajar no espaço e visitar museus longínquos, ouvir óperas nas melhores salas de concerto do mundo, assistir a peças de teatro ou a exposições noutras capitais, sem sair de casa.
A seguradora australiana Budget Direct Insurance resolveu oferecer aos concidadãos do mundo uma viagem no tempo para dar a conhecer 6 dos melhores monumentos da Antiguidade e do Renascimento, como se tivéssemos vivido na época em que eram gloriosos e deslumbravam na paisagem dessas eras remotas. Hoje, desfigurados pela corrosão do tempo e de outras agressões, integram a lista que a UNESCO designada de ‘Património Mundial Em Perigo’.
Com a ajuda dos arquitectos Jelena Popovic (nascida na capital da Sérvia) e Keremcan Kirilmaz (turco) e do designer industrial Erdem Batirbek (turco), avançou-se para a reconstrução digital de 6 locais lendários, à beira do colapso e já bastante irreconhecíveis. As imagens interactivas partem das ruínas da actualidade para a beleza da edificação de origem, num recuo temporal que resulta num progresso qualitativo a nível artístico e cultural.
Compreensivelmente, vários desses monumentos pertenceram às civilizações pujantes da bacia do Mediterrâneo, com o Próximo e o Médio Oriente em destaque. Tratando-se de uma amostragem simbólica, houve o cuidado de incluir também o Novo Mundo e lugares menos conhecidos do Pacífico.
A viagem começa na cidade líbia Leptis Magnum, iniciada pelo Imperador Septimius Severus e posteriormente desenvolvida pelo filho. Leptis chegou a ser a terceira maior metrópole africana do Império Romano, depois de Cartagena e Alexandria. Equipada com as melhores edificações imperiais, o teatro terá sido a joia da urbe. Beneficiava de um anfiteatro em semi-círculo e, do lado cénico, de um pórtico assinalado por uma colunata em pedra e cimento, que dava para um jardim e um templo. Seguindo a tipologia de Roma, replica edifícios que se vêem noutras paragens do Mediterrâneo, como Éfeso, por exemplo.
Avançando para Leste, recuamos ao tempo da Cidade Velha de Jerusalém com o seu lendário Muro das Lamentações ou o santuário muçulmano Cúpula da Rocha, construído no final do séc.VII sobre o Monte do Templo para abrigar uma das principais relíquias maometanas – a Pedra Fundamental. Mais recentemente, a cúpula foi revestida pela coberta dourada que ainda hoje sobressai na linha do horizonte. Mas como estaria demarcada a Cidade Velha?
No Iraque, a fortaleza de Hatra merece destaque, localizada no interior de uma portentosa muralha. Construída no séc.III A.C. protegia a capital do primeiro Reino da Arábia. Mas, ao cabo de 6 séculos, foi quase arrasada, acabando por ser abandonada e esquecida até à sua redescoberta, já no século XIX:
No complexo arquitectónico de Palmira, na Síria, brilhava o Templo de Bel. Desde o século I que sobrevivia em relativo bom estado, até ser conquistado e dinamitado pelos facínoras do DAESH, há um par de anos, restando apenas uma secção da colunata exterior. Ficou para os anais da guerra criminosa – que, desde 2011, massacra a população síria e o seu valioso património histórico – o heroísmo do director do Museu de Palmira, Khaled al-Asaad, barbaramente torturado para revelar o local onde escondera os artefactos mais valiosos do Templo, que serviriam para ajudar a financiar as acções terroristas dos seus torcionários. Ao 82 anos, Khaled acabou por sucumbir, mas não desvendou o esconderijo.
Nos Estados Federados da Micronésia, em pleno Pacífico, os indígenas criaram ilhéus artificiais com basalto e coral, para expandir as ilhas maiores. Nas novas ramificações conquistadas ao oceano, destaca-se Nan Madol, na ilha Temwen, que já esteve povoada de casas, palacetes, templos, sepulturas, num conglomerado conhecido por “cidade sobre a água”. A sua condição quase flutuante tem dificultado a preservação:
No outro lado do Atlântico, as fortificações de Portobelo e San Lorenzo, no Panamá, são resquícios garbosos da colonização espanhola, do final do século XVI. Pertencem à linha de fortalezas da costa caribenha, destinada a proteger o comércio intercontinental. Aquela malha defensiva revela a evolução da arquitectura militar espanhola, muitas vezes habilmente encrustada na orla costeira. Ao longo de dois séculos, progrediu do medieval para o neoclássico, como é visível nestas edificações:
São fantásticas as novas ferramentas do nosso tempo, para dar maior alcance às boas ideias e aos gestos generosos (esses, de todos os tempos)! Alguma imaginação e o bom trabalho de equipa patrocinado pela Budget Direct conseguiu viabilizar estas incursões fabulosas ao melhor do passado, permitindo-nos… ter lá estado.
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico, para daqui a 2 semanas)
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