27 julho 2010

Pensamentos impensados

Hoje as piadas foram de férias; está muito calor; em sua substituição contarei cenas passadas com cegos a que assisti.

Dizia um cego para outro: a Rua da Palma, bem batida, das 8 da manhã até ao meio dia rende 500 escudos.

Homem a pagar a um cego qualquer coisa que lhe tinha comprado: olhe que são 5 escudos, apalpe e veja bem.
(devo dizer que os cegos usam o verbo ver exactamente como nós; ouvi uma conversa em que um cego dizia a uma pessoa que lhe perguntou por um aparelho qualquer que ainda não tinha tido tempo para ver).

Em plena Guerra Colonial; ia eu a passar na Avenida do Brasil, (penso que na altura ainda se chamava Alferes Malheiro) e vejo / oiço um grupo de pessoas aos berros e com um ar agressivo contra um
preto que, com um ar assustadíssimo, tentava explicar-se; os agressores chamavam-lhe malandro, preto malvado, seu este, seu aquele, a fazer pouco do ceguinho, etc. Por fim, o preto lá conseguiu explicar-se: era professor de pessoas que tinham cegado recentemente e ajudava-os a dar os primeiros passo na rua; para isso atirava-lhes para a frente caixas, caixotes e outros objectos para para que os cegos se habituassem a defender dos obstáculos.

Já agora e para terminar: por favor não digam invisuais; será que quem não ouve é um inauditivo?

Resposta à pergunta da semana passada.
É a Rua Viriato.
A Travessa dos Inglesinhos só tem um sentido; aliás as ruas do coração do Bairro Alto, tanto quanto sei, só têm um sentido.

SdB (I)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pena: 'as piadas foram de férias': acho que os leitores também foram.
ML

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