pais sem filhos. filhos sem pais. pais sem pais.
enchem novelas, contos, as páginas de jornais.
dos filhos sem filhos parece que ninguém fala,
tirando um escritor espanhol - memória e temor.
é fácil de entender: dói sempre mais a nossa dor,
que a dor que não vemos num rosto que se cala.
gi.
As melhores viagens são, por vezes, aquelas em que partimos ontem e regressamos muitos anos antes
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3 comentários:
Bom dia Gi,
Não percebi nada, como de costume.
Diga-me, quem é o escritor espanhol que refere?
Uma vez, a conselho de uma amiga minha, experimentei ler JLB em espanhol. Ela disse-me - comece a ler em voz alta, vai ver que percebe. E de facto tinha razão. A minha experiência dos autores sul-americanos é uma leitura difícil, com descrições cuéis.
ML
Olá, ML, bom dia.
Pede-me uma tarefa hercúlea - descodificar o poema. Vou tentar. Convém não esquecer que certos escritos estão 'para lá' do pleno entendimento do seu próprio autor..
A figura dos 'filhos sem filhos' pretende simbolizar, representar, o que não é óbvio, a perspectiva que frequentemente esquecemos quando analisamos um assunto. É comum falarmos dos nossos pais, dos nossos filhos, de nós próprios enquanto pais e/ou enquanto filhos. Ora, quantas vezes nos debruçamos sobre os 'filhos sem filhos' - alguém se lembra deles? Claro que não. Não se tem filhos por opção, por circunstâncias de vida, por.. Numa sociedade políticamente correcta, o olhar nunca é completo. Neste caso, a figura dos 'filhos sem filhos', de que nunca ninguém fala (nem em 'novelas', nem 'em contos', nem 'em páginas de jornais'..) é assim uma figura de estilo, representando a multidão dos esquecidos.
O poema pode ser lido de forma universalista, como acabei de descrever, ou mais fechada, neste caso falando mesmo do drama sem voz de quem se pode sentir 'useless', sem préstimo, por ter com a eternidade uma relação mais difícil do que aqueles que, crentes ou não, sempre se confortam através do forte poder de continuidade das gerações que lhes sucedem.
O poema é inspirado no livro 'Hijos sin hijos', do escritor espanhol (e aqui espanhol é redutor, por ser mero apontamento biográfico para um cidadão do mundo) Enrique Vila-Matas, um dos grandes escritores contemporâneos. Escritor de culto, para uns quantos leitores, que vale a pena descobrir, para quem não se atemoriza com coisas complexas.
Espero ter contribuído para uma melhor percepção do poema.
Muito obrigado.
Flores estivais,
gi.
Que interessante Gi.
Sabe que isto dos filhos não é assim tão simples... O que eu acho que pode também ficar depois de nós são os nossos actos que poderão ser úteis de algum modo aos que nos rodeiam e assim terem consequência. Mas isso não pode ser avaliado por nós já que a percepção pertence aos outros e sempre aos outros.
Às vezes as suas palavras resultam num festival de sons e imagens de que gostamos muito. Outras vezes revelam uma tristeza grande. Mas afinal somos todos assim - nunca os mesmos ao longo do tempo.
Um abraço
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