MUSICAL
INTERPELATIVO, até ao próximo Domingo
No auditório do Colégio
de S.João de Brito está em cena um musical bem executado, com imenso ritmo, a
contar uma história simples e cheia de suspense, a partir de uma exposição de
pintura num povoado remoto do país. Ali se expõe a fantástica colecção de arte
saída das caves de um palacete inacessível. Mas há um quadro especialmente
valioso, do século XV, que não deixa os visitantes indiferentes, até os seguranças
e as câmaras de vigilância serem misteriosamente ultrapassados pelos
acontecimentos. O que aconteceu, afinal?...
Sob a direcção musical do
director da «Operação Triunfo», Ruben Alves, a peça esvai-se em 60 minutos, a
saberem a pouco. Até ao próximo Domingo, «O
QUADRO»(1) continuará a dar que falar.
II PARTE -
PRESENÇA DE PAZ NO MÉDIO ORIENTE
A continuação da síntese
da mensagem deixada pelo Papa académico, no Líbano(2), inclui as seguintes temáticas:
- PRIMAVERA ÁRABE E ENCRUZILHADAS DO MÉDIO ORIENTE
- O AMOR É A REVOLUÇÃO TRAZIDA POR CRISTO
- DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO E COM TODA A
SOCIEDADE É URGENTE
- COMO SUPERAR OS RISCOS DA ACTUALIDADE
Com a frontalidade que lhe
conhecemos, Bento XVI procura sempre responder e até antecipar as dúvidas e
objecções do homem contemporâneo, começando pela mais elementar: há ou não
Deus? Recentemente, num encontro no
Vaticano (8 de Outubro), formulou-a em termos directos: «Muitas pessoas perguntam-se se Deus é ou não uma ‘hipótese'. (…) Por detrás do silêncio do universo, por
detrás das nuvens da história, há ou não um Deus? E se há esse Deus, que
nos conhece, o que tem a ver connosco?»
Continuando na mesma linha, sublinhou dois sinais
distintivos da fé: dar testemunho através da caridade, considerando-a a grande
«força do presente e do futuro» e através do Evangelho -- «Evangelho quer dizer
(que) Deus rompeu o seu silêncio, Deus falou, Deus
fala. É o Deus connosco. É esta a salvação.», entusiasmando os crentes a difundirem esta boa nova
de um Deus próximo, que é Amor.
Mestre em metáforas e no recurso a paradoxos, o Papa
explorou uma das imagens mais comuns do Amor – o fogo – revelando as diferentes
facetas de uma realidade rica e, simultaneamente, delicada, frágil, à mercê da
liberdade humana: «O fogo é luz, é calor, força de transformação; a
cultura humana começou quando o homem descobriu que podia criar o fogo que
destrói, mas, sobretudo, transforma, renova e cria uma novidade: a do homem que
se torna luz em Deus.»
Procurando transmitir luz
e paz ao Médio Oriente, o Papa começou por abordar o enorme desafio que constitui
a revolução social e política em curso no mundo árabe:
PRIMAVERA ÁRABE E ENCRUZILHADAS DO MÉDIO ORIENTE
- «Diria que a primavera árabe, em si, é uma coisa positiva: é um desejo de
maior democracia, maior liberdade, maior cooperação, duma identidade árabe
renovada. E este grito da liberdade, que vem duma juventude mais formada
cultural e profissionalmente, que deseja maior participação na vida política,
na vida social, é um progresso, uma coisa muito positiva e por isso mesmo
louvada também por nós, cristãos. Naturalmente, da história das revoluções,
sabemos que o grito da liberdade, tão importante e positivo, corre sempre o
perigo de esquecer um aspecto, uma dimensão fundamental da liberdade, ou seja, a
tolerância do outro: o facto de que a liberdade humana é sempre uma liberdade
compartilhada, que pode crescer apenas na partilha, na solidariedade, no viver
juntos, com determinadas regras. Este é o perigo de sempre (…). Assim também a
identidade árabe renovada implica – penso eu – a renovação do conjunto secular
e milenar de cristãos e árabes, que precisamente juntos, na tolerância de
maioria e minoria, construíram estas terras e que não podem deixar de viver
juntos. Por isso, penso que é importante ver o elemento positivo nestes
movimentos e fazer a nossa parte para que a liberdade seja concebida de modo
justo e corresponda a um maior diálogo e não ao domínio de um contra os
outros.» (Respostas aos Jornalistas – 14.Set.)
- «Foi neste contexto constrangedor, instável e actualmente propenso à
violência, que Deus permitiu o florescimento da sua Igreja. Esta vive numa
notável variedade de formas.» (Exortação – ponto
11)
- «O Médio Oriente é uma realidade rica pela sua
diversidade, mas demasiadas vezes constrangedora e mesmo violenta; isto toca o
conjunto dos habitantes da região e os vários aspectos da sua vida. (...)
Muitas vezes (os cristãos) sentem-se humilhados; quando há desordens, sabem,
por experiência, que são vítimas proscritas. (…) Na verdade, um Médio Oriente
sem ou com poucos cristãos já não é o Médio Oriente, visto que os cristãos
fazem parte com os outros crentes da identidade muito particular da região; uns
são responsáveis pelos outros diante de Deus. Por isso, é importante que os
líderes políticos e os responsáveis religiosos entendam esta realidade e evitem
uma política ou uma estratégia que privilegie apenas uma das comunidades
criando um Médio Oriente monocromático, que deixaria absolutamente de reflectir
a sua rica realidade humana e histórica.» (Exortação –
ponto 31)
- «A Igreja latina
presente no Médio Oriente, embora sofrendo a hemorragia de muitos dos seus
fiéis, encontra-se hoje a braços com outra situação que a interpela pedindo
resposta para novos e variados desafios pastorais (…) a chegada massiva e a
presença, nos países de economia forte na região, de trabalhadores de todo o
tipo vindos da África, do Extremo Oriente e da Índia. Estes grupos, (…) enfrentam
uma dupla precariedade: são estrangeiros no país onde trabalham, e vivem muitas
vezes situações de discriminação e injustiça.» (Exortação – ponto 33)
O AMOR É A REVOLUÇÃO TRAZIDA POR CRISTO
- «(É) necessário
celebrar a vitória do amor sobre o ódio, do perdão sobre a vingança, do serviço
sobre a prepotência, da humildade sobre o orgulho, da unidade sobre a divisão. (…)
(C)onvido todos a que não tenham medo, permaneçam na verdade e cultivem a
pureza da fé.» (na Basílica de S.Paulo – 14.Junho)
- «Abrindo-se à
acção do Espírito de Deus, o crente faz penetrar no mundo, por meio da sua oração
(…), a riqueza do amor e a luz da esperança que habitam nele.» (Exortação - ponto 82)
- «(A) caridade
cristã (deve dar) resposta às necessidades imediatas de todos, sem olhar à sua
religião e independentemente dos partidos e ideologias, com o único objectivo
de viver na terra o amor de Deus pelos homens.» (Exortação -
ponto 89)
- «(A) busca da
verdade que não se impõe pela violência, mas pela ‘sua própria força’ (…) (A)
fé viva conduz invariavelmente ao amor. A fé autêntica não pode levar à morte.
(…) A inércia dos homens de bem não deve permitir que o mal triunfe. O pior de
tudo é não fazer nada!» » (Encontro com Governo - 15.Set.)
- «Procurai o que é
belo, e comprazei-vos na prática do bem. (…) O encontro com Ele dá à vida um
novo horizonte (…). N’Ele, encontrareis a fonte da alegria. Cristo diz-vos: سَلامي أُعطيكُم (‘dou-vos a minha
paz’). Esta é a verdadeira revolução trazida por Cristo: a do amor» (Encontro com os Jovens –
15.Set.)
- «É evidente que
sois uma carta de Cristo, (…) escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus
vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos
corações. (…) Esta carta (…) será o testemunho da vossa vida e da vossa fé.
Assim, com coragem e entusiasmo, fareis compreender ao vosso redor que Deus
quer a felicidade de todos sem distinção.» (Encontro com os Jovens – 15.Set.)
- «(O) caminho por
onde Jesus nos conduzir é um caminho de esperança para todos. A glória de Jesus
releva-se no momento em que, na sua humanidade, Ele Se mostra mais frágil,
especialmente na encarnação e na cruz. É assim que Deus manifesta o seu amor,
(…) dando-Se a nós.» (Encontro com os Jovens – 15.Set.)
Banhos de multidão nos dois dias de Visita, com
um programa de contactos muito intenso
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO E COM TODA A SOCIEDADE É URGENTE
- «A unidade
ecuménica não é a uniformidade de tradições e celebrações» (Exortação – ponto 17)
- «A natureza e a
vocação universal da Igreja exigem que ela se abra ao diálogo com os membros
das outras religiões. No Médio Oriente, este diálogo funda-se nos laços
espirituais e históricos que unem os cristãos, os judeus e os muçulmanos. Este
diálogo não se move tanto por considerações pragmáticas de ordem política ou
social, como sobretudo pelas bases teológicas que interpelam a fé. (…) Judeus,
cristãos e muçulmanos crêem num Deus Uno, criador de todos os homens. Possam os
judeus, os cristãos e os muçulmanos descobrir um dos desejos divinos que é a
unidade e a harmonia da família humana. Possam os judeus, os cristãos e os
muçulmanos entrever no outro crente um irmão a respeitar e a amar, para
darem – em primeiro lugar nas suas terras – um bom testemunho de serena convivência
entre filhos de Abraão.» (Exortação - ponto 19)
- «Dado que a
realidade temporal é o vosso campo próprio, encorajo-vos, queridos
fiéis-leigos, a reforçar os vínculos de fraternidade e colaboração com as
pessoas de boa vontade tendo em vista a busca do bem comum, a correcta gestão
dos bens públicos, a liberdade religiosa e o respeito pela dignidade de cada
pessoa. Mesmo quando a missão da Igreja se torna difícil nos ambientes onde o
anúncio explícito do Evangelho encontra obstáculos ou não é possível, « tende entre os
gentios um comportamento exemplar (...)»... Para que o vosso testemunho produza
realmente fruto (cf. Mt 7, 16.20), exorto-vos a superar as divisões e
qualquer interpretação subjectivista da vida cristã (…), porque os vários
âmbitos da vida do fiel-leigo entram todos no desígnio de Deus.» (Exortação - ponto
56)
- «A Igreja Católica no Médio Oriente alegra-se com o
testemunho de fé e comunhão fraterna destas comunidades, nas quais se reúnem cristãos de várias
Igrejas, sem confusão nem proselitismo. Encorajo os membros destes movimentos e
comunidades a serem artífices de comunhão e testemunhas da paz que vem de Deus…
(expressando) a comunhão na diversidade...» (Exortação - ponto 87)
- «(N)ão são os «obreiros da paz» aqueles que mais admiramos?
E não é a paz o bem precioso que toda a humanidade procura? Porventura não é um
mundo de paz aquilo que mais profundamente desejamos para nós e para os outros?
سَلامي أُعطيكُم (dou-vos a minha paz): disse Jesus. Ele venceu o mal não com outro mal, mas
tomando-o sobre Si e aniquilando-o na cruz com o amor vivido até ao fim. (…) O
perdão e a reconciliação são caminhos de paz, e abrem um futuro. (Encontro com os Jovens – 15.Set.)
- «O centro e o fruto do verdadeiro ecumenismo é
a fé.» (Exortação – ponto
11)
- «(O)s fiéis católicos
podem promover o ecumenismo espiritual (em toda a sociedade, para) … serem
testemunhas da comunhão em todos os âmbitos da sua vida. Esta comunhão, porém,
não significa sincretismo. O testemunho autêntico requer o reconhecimento e o
respeito pelo outro, a disponibilidade ao diálogo na verdade, a paciência como
uma dimensão do amor, a simplicidade e a humildade de quem se reconhece pecador
diante de Deus e do próximo, a capacidade de perdão, reconciliação e
purificação da memória, a nível pessoal e comunitário.» (Exortação – ponto 12)
- «Não tenhais medo nem vergonha
de testemunhar a amizade com Jesus no âmbito familiar e público. Fazei-o,
porém, no respeito pelos outros crentes, judeus e muçulmanos, com quem
partilhais a crença em Deus Criador do céu e da terra, e no respeito também
pelos grandes ideais humanos e espirituais. (…) O relacionamento com Jesus
tornar-vos-á disponíveis para colaborar sem reservas com os vossos
compatriotas, independentemente do seu credo religioso...» (Exortação – ponto 63)
COMO SUPERAR OS RISCOS DA ACTUALIDADE
- «(P)odereis discernir com sabedoria, na modernidade, os
valores úteis à vossa plena realização e os males que lentamente intoxicam a
vossa vida. Não vos deixeis seduzir pelo materialismo nem por um uso
indiscriminado da rede informática que poderia mutilar a verdadeira natureza
das relações humanas.» (Exortação – ponto 63)
- «As frustrações
presentes não devem levar-vos a buscar refúgio em mundos paralelos, como por
exemplo o mundo das drogas de todo o tipo ou o mundo triste da pornografia.
Quanto às redes sociais, são interessantes mas podem, com facilidade, levar-vos
à dependência e à confusão entre o real e o virtual. Procurai e vivei relações
ricas de amizade verdadeira e nobre. Cultivai iniciativas que dêem sentido e
raízes à vossa existência, lutando contra a superficialidade e o consumismo
fácil. Estais de igual modo sujeitos a outra tentação: a do dinheiro – este
ídolo tirânico que cega até ao ponto de sufocar a pessoa e o seu coração. Infelizmente
os exemplos que vedes em redor não são sempre dos melhores. (…) (Ponde) de lado
o que é ilusório, aparência e mentira.» (Encontro com os Jovens – 15.Set.)
- «As situações
humanas dolorosas geradas pelo egoísmo, a iniquidade ou a vontade de domínio
podem suscitar cansaço e desânimo. Por isso, Jesus recomenda a oração contínua.
Nela, temos (…) o lugar privilegiado da comunhão com Deus e com os homens.» (Exortação – ponto 82)
- «Algumas ideologias, pondo em questão de maneira
directa ou indirecta, e mesmo legalmente, o valor inalienável de cada pessoa e
o fundamento natural da família, minam os alicerces da sociedade. Devemos estar
conscientes destes atentados contra a construção e a harmonia da convivência
social. O único antídoto para tudo isto é uma solidariedade efectiva (…) para
apoiar as políticas e iniciativas que visam unir os povos de forma honesta e
justa.» (Encontro com Governo – 15.Set.)
- «(A) fim de patentear às novas gerações um futuro de
paz, a primeira tarefa é educar para a paz, construindo uma cultura de paz. (…)
O espírito humano possui o gosto inato do belo, do bom e do verdadeiro; é o
selo do divino, a marca de Deus nele! (…) Mas é só na liberdade que o homem se
pode voltar para o bem. (…) A tarefa da educação é acompanhar a maturação da
capacidade de fazer escolhas livres e justas, que possam ir contra-corrente
relativamente às opiniões generalizadas, às modas, às ideologias políticas e
religiosas. A consolidação duma cultura de paz tem este preço. Obviamente é
necessário banir a violência verbal ou física; é sempre um ultraje à dignidade
humana (…). Assim a educação para a paz formará homens e mulheres generosos e
rectos, solícitos para com todos mas particularmente com as pessoas mais
débeis.» (Encontro com Governo – 15.Set.)
- «Que podemos fazer
contra a guerra? Naturalmente – digamos – difundir continuamente a mensagem da
paz, esclarecer que a violência não resolve jamais um problema sequer e
revigorar as forças da paz. Nisto é importante o trabalho dos jornalistas, que
muito podem ajudar para mostrar como a violência destrói: não constrói, nem é
útil para ninguém. (…) Diria também que deve, finalmente, cessar a importação
de armas (…) importar ideias de paz, criatividade, encontrar soluções para
aceitar cada um na sua alteridade.» (Respostas aos
Jornalistas – 14.Set.)
Maria Zarco
(a preparar o próximo gin tónico,
para daqui a 2 semanas)
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(1) Próximos espectáculos: 25, 26, 27, 28 de Outubro às
21h00;
14, 21 e 28 de Outubro às 16h00.
14, 21 e 28 de Outubro às 16h00.
http://www.facebook.com/musical.o.quadro; musical.o.quadro@gmail.com, Tlm: 960248946 | 93 848 67 53; bilhetes à venda na FNAC, Ticketline ou no
auditório do Colégio de S.João de Brito (ao Lumiar).
(2) Os textos integrais estão em: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/travels/2012/index_libano_po.htm .
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